A indústria de motos já espera a prorrogação, até o fim do ano, da medida anunciada pelo governo federal na semana passada que zerou a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) que incide sobre as motocicletas de 1º de abril até 30 de junho.
Continua depois da publicidade
As projeções da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) são as mesmas divulgadas em dezembro, que seriam revisadas para baixo em razão da queda de vendas no primeiro trimestre, mas que foram mantidas com a isenção da Cofins. A Abraciclo prevê uma queda de 12% na quantidade de motos emplacadas neste ano, para 1,850 milhão de unidades, ante 2,1 milhões em 2008.
Depois de dois meses fracos em termos de emplacamento – em janeiro, foram 124.091 unidades e em fevereiro, 106.490 -, a indústria teve em março um resultado bem melhor com 139.230 motos emplacadas. Os números representam um recuo de 15% em relação à quantidade emplacada no primeiro trimestre de 2008, com o total de emplacados de 369.811.
Para os próximos nove meses, a Abraciclo prevê o emplacamento de 1.480.185 unidades, o que resulta numa média mensal de 164 mil unidades, que é a mesma verificada nos nove primeiros meses de 2008, período anterior à crise.
– Estou confiante na prorrogação da medida que zerou a Cofins para motos até o fim do ano. A Abraciclo não trabalha com outra hipótese – disse o diretor executivo da entidade, Moacyr Alberto Paes.
Continua depois da publicidade
Segundo ele, a Associação trabalha com um cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro próximo a zero.
Classe C
Na avaliação da entidade, a classe C, que representa cerca 80 milhões de consumidores, será pouco afetada pelos efeitos da crise financeira internacional no país. Esse é o principal público-alvo do mercado de motocicletas, atraído por um produto de baixo valor de aquisição, menor custo de manutenção e economia no consumo de combustível.
Uma moto entre 125 e 150 cilindradas custa de R$ 5,5 mil a R$ 7 mil, e com o repasse integral ao consumidor da Cofins zerada, há uma redução entre R$ 165 e R$ 210 no preço ao consumidor. Somados a esses fatores, a indústria de motos já dá como certa também a injeção de crédito pelo governo federal para as pequenas e médias instituições que financiam motos no país.
O pedido já foi feito ao governo federal, e, na semana passada, os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, e da Fazenda, Guido Mantega, reconheceram a dificuldade de financiamentos para o setor, que não conta com bancos próprios, como as montadoras.
Continua depois da publicidade
– Acreditamos que isso deve vir e a previsão para 2009 já conta com isso – disse Paes, referindo-se à prorrogação da Cofins e à injeção de crédito nas financeiras.
Primeiro trimestre
A quantidade de motos emplacadas no primeiro trimestre recuou 15%, para 369.811 unidades, na comparação com os três primeiros meses de 2008. Os estoques de 40 dias da indústria de motocicletas chegam a 140 mil unidades.
Até setembro, a indústria trabalhava com estoques de 36.230 unidades. Em dezembro, os estoques nas fábricas e na rede de concessionárias chegaram a 153.483. Com a redução nos emplacamentos e o elevado nível de estoques, a produção no primeiro trimestre recuou 47,8% para 282.188 unidades. Já as exportações diminuíram 18,2% para 20.433 unidades.