O prejuízo de Santa Catarina com os impactos da Operação Carne Fraca e com as restrições a importações de alguns países deve atingir US$ 260 milhões até o final do ano. O cálculo é do presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav) e diretor do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior. Ele esteve em Chapecó nesta terça-feira e concedeu entrevista coletiva. O número é baseado na estimativa nacional de prejuízos, que deve superar um bilhão de dólares. Santa Catarina representa 26% do mercado de suínos e aves.

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Ribas elogiou a atuação do Ministério da Agricultura, que conseguiu reverter a decisão de alguns mercados, como a China, que haviam bloqueado todo o país e agora restringiram a medida às 21 unidades investigadas.

— Eles conseguiram reverter a situação em uma semana, quando o tempo médio é de três meses — declarou.

Ribas disse que essa atuação do governo federal em parceria com as indústrias amenizou os impactos.

— Não haverá demissões em Santa Catarina (exceto na unidade investigada), mas teremos férias coletivas que já devem começar a ser anunciadas nesta semana — destacou.

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O motivo é que as câmaras frigoríficas estão lotadas após a redução das exportações que foi de 19% após a operação Carne Fraca. Outro agravante é a greve dos portuários que estão retendo contêineres vazios nos portos.

Em virtude destes problemas Ribas estima uma redução de 5 a 6% na produção. Antes da retomada da China, por exemplo, essa estimativa seria de 10%. Ribas lembrou que o setor havia batido recorde de exportações em janeiro e estava lentamente se recuperando dos prejuízos do ano passado, quando houve um custo excessivo do milho. Agora ele avalia que o semestre está comprometido.

Ele disse que o primeiro passo é retirar os embargos ainda existentes. O segundo passo é dar garantia de rastreabilidade aos contêineres que estavam a caminho ou nos portos dos países importadores. Dos 21 frigoríficos investigados apenas seis exportavam. No entanto, ele afirmou que haverá pressão do mercado para dar descontos nos contêineres que estavam bloqueados.

— Esses descontos podem chegar a 20% pois os compradores sabem que é mais caro trazer de volta o produto — declarou.

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Ribas espera que a punição aos frigoríficos envolvidos em suspeita de fraude seja exemplar. Ele ressaltou que Santa Catarina tem a melhor condição sanitária do mundo, pois sem essa qualidade não teria atingido os mercados mais exigentes.

Ribas também destacou que a Coreia do Sul manteve a visita a Santa Catarina, em maio, mesmo remarcando a data que era para ser nesta semana.

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