O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Cláudio Costa, nega que o Ministério da Educação tenha orientado professores a fazer vista grossa na correção das redações do Enem.
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Costa reconhece que a correção das provas pode ter um aprimoramento para o próximo ano, mas diante de um debate técnico. A seguir, um resumo da entrevista:
Zero Hora – Uma professora de língua portuguesa há 12 anos afirmou que recebeu orientação para fazer vista grossa na correção da redação do Enem com o objetivo de aprovar um maior número de pessoas. Essa orientação veio do Ministério da Educação?
Luiz Cláudio Costa – Não houve essa orientação. Não existe isso. Indiquem quem deu a ordem, que essa pessoa será demitida. O treinamento atingiu 5,6 mil pessoas em todo o país. Nosso edital tem a matriz de como as provas serão corrigidas. De 4,1 milhões redações, 2 mil receberam nota 1000.
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ZH – Professores reclamam que há um grande número de provas a serem corrigidas, que o tempo é curto. Há pressão?
Costa – Mandamos 50 provas por dia para cada corretor. Não há pressão.
ZH – Mas há redações com erros básicos de português, como grafias erradas, como “trousse” e “encherga”, mas com boas notas. O que explica esse tipo de avaliação?
Costa – As provas são corrigidas de acordo com o edital. Desvios são aceitos. Isso é um debate técnico. Há correntes que dizem que erros podem ser desprezados se o texto é bom, se o aluno mostra domínio sobre o tema.
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ZH – Em alguns casos o aluno fugiu do tema. Um estudante, inclusive, colocou uma receita de miojo no meio da redação, em um claro deboche. Como pode ser aceito?
Costa – Esse é o bom debate técnico: se a inserção indevida pode zerar o tema. Agora, de acordo com o edital, não poderia zerar essa redação. Se você tirar o parágrafo, está adequada. Corrigimos com seriedade. Mas concordo que precisamos separar o joio do trigo, quando a inserção indevida é um deboche. Vamos aprimorar para o próximo ano.
ZH – A coordenação pedagógica das redações está sob a responsabilidade do Cesp/Unb. Diante dos problemas que apareceram esse ano, vocês pretendem romper o contrato?
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Costa – Que problemas? Há justificativas técnicas para essas seis redações que causaram polêmica.
ZH – Mas dentro desse sistema, o que garante que os melhores alunos estão chegando às universidades?
Costa – Não tenho dúvidas de que os melhores estão chegando às universidades. O melhor processo de seleção do país é o Enem.
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