As condições de abrigo de índios que ficam no Litoral durante a temporada de verão voltaram à tona nos últimos dias em Santa Catarina. Em Florianópolis, a reivindicação de uma casa de passagem para os indígenas voltou à pauta depois que um grupo de índios ocupou um terminal desativado com faixas cobrando a construção do espaço, uma promessa antiga. Em Balneário Camboriú, no Litoral Norte, outras famílias indígenas foram abrigadas em um salão paroquial, mas o local é considerado insuficiente para o total de pessoas que permanece na cidade.

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A maior parte dos indígenas trabalha na venda de artesanato e precisam de espaços para permanecerem com as famílias nas cidades do Litoral de SC. Em Florianópolis, indígenas voltaram a ocupar na última semana o Terminal de Integração do Saco dos Limões (Tisac) pedindo a construção de uma casa de passagem. Um protesto chegou a ser feito na quinta-feira (7). O espaço já tem projeto estabelecido pela prefeitura desde 2018, mas ainda não saiu do papel.

Segundo informações do portal G1-SC, após a ocupação da última semana a prefeitura fez uma reunião com membros do grupo indígena e da Fundação Nacional do Índio (Funai). Foi oferecida a possibilidade de retorno aos locais de origem, mas eles recusaram a proposta.

A Polícia Federal chegou a ser acionada para retirar a comunidade do local, em razão de uma decisão da Justiça Federal, mas na segunda-feira (11) a PF encaminhou resposta sobre o caso. O teor do documento não foi revelado. O Ministério Público Federal (MPF) sustenta que os índios estão autorizados a permanecer no local.

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O debate sobre a permanência dos índios no terminal desativado do Saco dos Limões se arrasta pelos últimos anos na Capital. Um acordo em 2018 previa a construção de uma casa de passagem até o ano seguinte pelo município. O prefeito Gean Loureiro (DEM) chegou a anunciar disponibilidade de R$ 2,5 milhões para uma estrutura ao lado do terminal, mas a obra não saiu do papel. Segundo a Secretaria de Assistência Social informou ao G1-SC, o zoneamento da região não permitiria esse tipo de edificação. Com isso, o a prefeitura busca outros locais para a construção. A procuradora do MPF, Ana Lúcia Hartmann, não confirma as discussões para encontrar novas áreas para a obra. A área do Tisac pertence à União.

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Polêmica também em Balneário Camboriú

Em Balneário Camboriú, a prefeitura disponibilizou um espaço para cerca de 100 pessoas em um salão paroquial, atendendo a um pedido do MPF. Entretanto, cerca de 200 índios, entre adultos, crianças e idosos, chegaram à cidade desde o fim do ano passado e permanecem alojados por lonas improvisadas ao lado da construção, que fica às margens da BR-101.

O município informou ao G1-SC que a estrutura foi melhorada após pedido do MPF e que foi cedido água, energia elétrica e banheiros no local em que os índios estão alojados. Após um vendaval que provocou estragos no local, a prefeitura informa que também providenciou reparos.

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O líder indígena Gilson Nascimento afirma que, na cultura indígena, a família viaja e trabalha junto e, por isso, a prefeitura saberia o número de pessoas que viria ao litoral.

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As 15 famílias do povo Kaingang de Iraí, no Rio Grande do Sul, devem continuar em Balneário Camboriú até fevereiro.

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