Na pequena casa de madeira de apenas um cômodo na aldeia indígena Jataity, de Balneário Barra do Sul, funcionava uma escola desde 2008. No pátio, galinhas e cachorros dividiam o espaço com os alunos no chão de barro.

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Na sala, ao lado das carteiras, ficavam fogão, geladeira e armário com livros. Ao mesmo tempo que estudavam, os alunos de várias idades sentiam o cheiro da merenda sendo preparada.

Foi assim até segunda-feira, quando a comunidade guarani-mbiá passou a ser a segunda da região Norte de SC a contar com uma escola com estrutura mais próxima da adequada. A aldeia recebeu uma unidade estadual multisseriada de alvenaria, com duas salas e cozinhas separadas.

A nova escola tem pouco mais de 183 m², cozinha, dispensa e banheiro, tudo revestido de azulejo. Custou cerca de R$ 168 mil. A expectativa do Estado é entregar em breve dez computadores à escola, que dispõe de um.

Segundo a coordenadora pedagógica Debora Regina Andreata, a Escola Tarumã, de Garuva, é de alvenaria e foi reformada neste ano, mas a de Barra do Sul é hoje a mais bem estruturada na região.

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Hoje, são poucos alunos – cinco adolescentes e seis adultos na Educação de Jovens e Adultos (EJA) -, mas a coordenadora explica que as duas salas são necessárias porque há muita rotatividade.

– No primeiro semestre, tínhamos duas turmas: cerca de 20 pessoas. Mas eles [os guaranis] se mudam muito. As crianças começam, pedem transferência para outra escola e voltam depois de um tempo -, explica.

Essa característica do povo guarani é um dos obstáculos ao aprendizado, diz a professora Viviane da Glória, que leciona na aldeia. É preciso retomar sempre os conteúdos, diz ela. Mas a professora ressalta que a maioria tem vontade de aprender.

– Eles se ajudam muito entre eles. Explicam as disciplinas em língua guarani, para ficar mais fácil para as crianças que entram.

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A cacique da aldeia, Arminda Ribeiro, 62 anos – a quem todos obedecem – recebeu segunda-feira as chaves da escola da gerente regional de Educação, Clarice Portella de Lima, e do secretário de Desenvolvimento Regional, Bráulio Barbosa.

– Vai ser muito melhor agora -, disse ela.

Ela possui filhos e netos entre os alunos e afirma que os bisnetinhos também vão estudar na escola.

A neta dela, Marisa da Silva, 17 anos, e a sua filha, Raíssa Benite, de 11 meses, são exemplos. Enquanto a jovem estuda, a bebê a acompanha na sala de aula.

– Às vezes, ela chora. Mas aí, eu a coloco no chão para brincar.

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Professor de cultura indígena