Meimpibe, elevação ao longo do rio, assim os Carijó chamavam a região onde foi erguida Florianópolis. Nesta sexta-feira (15), o coração da cidade, que teve os Guarani de hoje como povoadores originários, vai ser palco do evento cultural “Aldear o Centro”. A programação se inicia às 14h e pretende “demarcar o centro” da capital catarinense como mais um território de presença indígena, valorizando a cultura dos povos Guarani, Kaingang e Xokleng que vivem em Santa Catarina. Considerado como um “festival-relâmpago”, o evento deseja mostrar a força da resistência e a alegria que emana das florestas. Além de fortalecer parcerias com artistas locais. 

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Estão previstos shows, apresentações artísticas, feira de artesanato. A partir das 14h, roda de conversa sobre a luta pela Casa de Passagem Indígena no ponto de cultura Goj Ty Sá, no terminal desativado do Saco dos Limões. Está programada uma visita ao local, assim como à casa de artesanato Mbya Guarani, no Largo da Alfândega. Às 18h, no Ponto Bar e Piadina, exposição do livro Almas do Brasil, de Maristela Giassi, fotógrafa de Içara. A autora mostra indígenas de cinco aldeias da Grande Florianópolis (M´Biguaçu, Amaral e Morro dos Cavalos) ocupadas por Guarani e comunidades do Acre (Rio Jordão e Novo Segredo) onde vive a etnia Kaxinawá.

A partir das 19h, a programação segue no Centro Bugio
A partir das 19h, a programação segue no Centro Bugio (Foto: Jekupe Mawe / Arquivo Pessoal)

Coral indígena, maracatu e percussão afro no Centro Histórico

A partir das 19h, a programação segue no Centro Bugio, no Centro Histórico, esquinas das ruas Victor Meirelles com a Nunes Machado. Haverá apresentação do Macaratu Baque do Embaú, da cantora Nati Minatti, do grupo Tribo Colibri, Eva Figueiredo e Banda, Eli Jera. Também vai se apresentar o Coral YY Nhendu, da terra indígena Yakã Porã, do Morro dos Cavalos. O festival se encerra com a participação do Grupo Africatarina de Arte-Educação.

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O evento cultural independente surgiu de parceria de coletivos artísticos e organizações indígenas com a cervejaria Bugio, e conta com lideranças indígenas nacionais, como Kretã Kaingang (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a APIB), Jozileia Kaingang (Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, a ANMIGA), Pique Weitcha Xokleng e Kerexu Yxapyry, do povo Guarani (Apib/Anmiga). 

Pique Weitcha é graduando em Antropologia pela Universidade Federal de Santa Catarina, membro da comissão de lideranças da Casa de Passagem Goj Ty Sá e uma das vozes que tem se destacado na luta contra o Marco Temporal (ação que tramita no Supremo Tribunal Federal) e estabelece a data de 5 de outubro de 1988 (promulgação da Constituição Federal) para a demarcação de territórios indígenas no país.