Os indígenas, que representam quase metade dos 15,8 milhões guatemaltecos, seguem excluídos das propostas dos candidatos à presidência, apesar de nessa parte da população estarem concentrados os maiores índices de pobreza.

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O Observatório de Povos Indígenas realizou uma análise sobre o processo eleitoral e concluiu que os dois candidatos que disputam a segunda rodada presidencial no domingo – o comediante Jimmy Morales e a ex-primeira-dama Sandra Torres – carecem de propostas para essas comunidades.

“A situação da abordagem e das propostas concretas de soluções aos problemas sociais, econômicos, políticos, estruturais, de racismo, segurança e justiça para os povos indígenas seguem sendo marginalizados e excluídos”, afirmou à AFP o dirigente da organização, Mario Itzep.

Os povos indígenas integram 42% da população guatemalteca, segundo dados oficiais, ainda que seus dirigentes afirmam representar mais de 60%, e nessas populações a pobreza alcança 80%, em contraste da previsão nacional de 53%.

A maioria dos indígenas está concentrada no oeste e norte do país, muitos em zonas afastadas e inóspitas, e por isso estão praticamente excluídos do acesso à saúde e educação.

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A deserção das escolas é superior a 30% e o analfabetismo alcança 15% no país, mas nos povos indígenas esses números podem duplicar, em especial en relação às mulheres.

A mortalidade infantil (23,5 por 1 mil nascimentos vivos) e materna (120 por 100 mil crianças nascidas vivas) é triplicada nas comunidades indígenas, segundo o Observatório de Saúde Sexual e Reprodutiva do Congresso.

Na Guatemala são falados 21 idiomas maias, um inca e um garífuna (origem africana), pelo que reconheceu a Constituição de 1985.

Segundo Itzep, Morales lidera um partido de direita e mestiço que não os inclui em seu plano de governo, enquanto que Torres, de uma formação social-democrata, os menciona de forma geral mas sem fazer nenhum proposta concreta.

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“Nenhum deles aborda os diferentes problemas que enfrenta, os indígenas”, como a exclusão das consultas comunitárias para determinar se aceitam ou não a construção de uma hidroelétrica ou a instalação de uma empresa mineradora para explorar ouro ou prata em seus territórios.

Além disso, Itzep assegurou que os programas não resgatam “a educação bilíngue e intercultural ou a saúde maia”.

“Sendo assim, como vão atender e dar uma resposta à demanda dos povos indígenas que sempre foram excluídos?”, perguntou o ativista.

Nenhum dos partidos “aborda os problemas estruturais dos povos indígenas e do campo, porque os dois tem feito uma campanha maquiada pelo tema corrupção”, concluiu.

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* AFP