Centenas de indígenas venezuelanos iniciaram nesta quarta-feira uma marcha de 700 quilômetros a pé rumo a Caracas, onde a oposição fará uma passeata em 1º de setembro para exigir ao poder eleitoral que acelere um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro.

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Mil e quinhentas pessoas partiram de Puerto Ayacucho, no estado do Amazonas (sul), afirmou em entrevista por rádio Liborio Guarulla, o governador opositor da região, majoritariamente de selva e lar de 20 etnias autóctones.

“A ‘Tomada de Caracas’ começa no Amazonas”, afirmou Guarulla, dizendo que os manifestantes esperam chegar à capital na quarta-feira da próxima semana, um dia antes da mobilização convocada pela coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), promotora da consulta popular contra Maduro.

Os indígenas, segundo Guarulla, apoiam o pedido feito ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado pela MUD de servir ao governo, de fixar uma data para coletar os quatro milhões de assinaturas – 20% do colégio eleitoral – necessárias para convocar o revogatório.

Da mesma forma, segundo o dirigente da oposição, pedem que sejam reconhecidos os deputados indígenas do Amazonas Julio Ygarza, Nirma Guarulla e Romel Guzamana, cuja eleição foi suspensa de forma cautelar pelo Tribunal Supremo de Justicia (TSJ), após os recursos apresentados pelo governo alegando fraude.

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“Queremos que (os parlamentares) tenham a validade que o povo lhes deu para representá-lo”, afirmou Guarulla.

A maioria opositora do Parlamento foi declarada em desacato pelo TSJ, depois que sua junta diretiva empossou em 28 de julho estes parlamentares da MUD.

O dirigente opositor Henrique Capriles, ex-candidato presidencial, aplaudiu a iniciativa das comunidades amazônicas em um vídeo difundido pela rede social Periscope.

“Vejamos o exemplo do nosso povo do Amazonas (…) Já iniciaram a caminhada, vêm caminhando de Puerto Ayacucho” para apoiar a jornada de 1º de setembro, que chamam de “Tomada de Caracas”, em “defesa da Constituição e do direito dos venezuelanos a terem um futuro”.

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O deputado Guzamama, entretanto, estimou que 5.000 indígenas estarão esse dia em Caracas para se somar ao chamado da MUD e pediu às Forças Armadas para permitir a passagem dos manifestantes rumo à capital.

A presidente do CNE, Tibisay Lucena, anunciou em 9 de agosto que a coleta de quatro milhões de assinaturas será realizada no fim de outubro, o que complica as possibilidades de que o referendo se realize este ano porque em seguida faltariam as etapas de verificação de rubricas e organização da consulta.

A oposição busca o referendo revogatório seja realizado este ano. Se ocorrer antes de 10 de janeiro de 2017 e Maduro perder, haverá eleições; mas se for celebrado depois e o governante for revogado, seu vice-presidente assumiria.

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