O sustento da tribo Tekoa Porã vem de uma horta produzida logo na entrada da aldeia, localizada às margens da BR-101, em Biguaçu, na Grande Florianópolis. As plantações, produzidas sem agrotóxicos, são mantidas com cuidados manuais e logo pela manhã Josué Martins faz a primeira vistoria do dia para a prevenção de pragas a fim de manter a beleza natural das verduras.

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Com um sorriso largo no rosto, o indígena investiga as plantações com a ajuda de outras três irmãs, uma delas a cacica da aldeia, Eunice Martins. Na horta existem mais de 20 tipos de plantações entre vegetais, saladas, folhas e temperos. 

Além de auxiliar todas as 28 famílias que moram na aldeia, o sustento dos indígenas provem apenas da venda desses alimentos. Atualmente, a Tekoa Porã faz vendas externas para quem passa pela rodovia, e também para o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), que utiliza as hortaliças para produzir almoços comunitários à pessoas em situação de rua e projetos sociais.

O valor de cada plantação depende da escolha da hortaliça. Um pé de alface, por exemplo, custa R$ 3.

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— Se eu ganho R$ 100 reais, eu divido com todo mundo que ajuda. Agora tem quatro famílias que trabalham aqui [na horta]. A gente está tentado puxar todos, no comunitário, para cuidarmos juntos. Eu ganho um pouco e quero que todo mundo ganhe também — diz Eliane Martins, uma das irmãs da família cacique.

A plantação começou pelo pai dos quatro irmãos e cresceu com o início das vendas. Nos próximos meses, a aldeia quer aumentar a produção, porém, aguarda o crescimento de clientes no local. 

— Não adianta a gente plantar mais e não vender, elas vão estragar — contam.  

Agroecologia e a sustentação de projetos sociais

As mudas dos alimentos são feitas também pelos indígenas da Tekoa Porã. Conforme o que conta o coordenador geral da Cepagro, Charles Lamb, o trabalho entre aldeias e a ONG começou há anos com outros grupos indígenas pelo Estado, principalmente os Guaranis e Kaingangs, e ganhou confiança ao longo dos trabalhos.

A campanha chamada de “Tembi’u ete’i: da roça Guarani para as cozinhas solidárias”, produzida pela Cepagro, tem o objetivo de arrecadar fundos para comprar o excedente de alimentos plantados sem agrotóxicos pelo povo indígena de Santa Catarina e abastecer cozinhas solidárias que alimentam semanalmente centenas de pessoas em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar.

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— A agroecologia é muito mais do que a produção de algo sem insumos químicos, mas faz parte das ações que a gente participa, seja redes de movimentos sociais ou de outras ongs. Isso tudo fortalece o entendimento de que é um sistema que vai além da simples produção dos alimentos sem a utilização de agrotóxicos, mas fortalece grupos coletivos e questões culturais — explica. 

— O alimento quando ele vem de uma origem agroecologica, que tem esse contexto por trás, carrega uma história. E essa história na Tekoa Porã está junto com o que a comunidade desenvolvia desde antes de sermos parceiros, de juntar as aldeias para uma rede de promoção da geração de alimentos e organização social — conta. 

Os alimentos comprados pela Cepagro são utilizados em produções para projetos sociais da Cepagro, entre elas as cozinhas comunitárias. A iniciativa da ONG, além de melhorar a renda das quatro comunidades que participam, ajuda a incrementar a alimentação das famílias indígenas.

As comunidades que recebem as cozinhas comunitárias estão no Ribeirão da Ilha, Monte Cristo, Vila Aparecida e dois projetos sociais da Grande Florianópolis. 

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