Santa Catarina está presente no Grupo de Trabalho (GT) que elabora o plano de governança indígena para o futuro Ministério dos Povos Originários. A Guarani Kerexu Ixapyry, da aldeia Morro dos Cavalos, em Palhoça, e Hyral Moreira, também Guarani de São Miguel, em Biguaçu, integram a equipe que debate e produz subsídios para elaboração do relatório final da transição.
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Juntamente com representantes de diferentes regiões do país, eles aprofundam e sintetizam os cinco eixos temáticos que fazem parte de uma carta entregue ao então candidato Lula, em abril, no Acampamento Terra Livre 2022. Na ocasião, Lula se comprometeu em atender as reivindicações. Semana passada, o novo governo oficializou o anúncio de criação do Ministério dos Povos Originários.
O governo criou 31 grupos temáticos que trabalharão até final de dezembro. Kerexu faz parte da coordenação executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Eunice Antunes, como é identificada pelos não indígenas, é gestora ambiental formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), professora e referência internacional na luta pela preservação do meio ambiente e direitos dos povos originários. Nos últimos anos defende o bioma da Mata Atlântica.
— A pauta é bastante extensa, mas temos questões pontuais, como direitos territoriais, criações de instituições ou restabelecimento do que foi desmontado nos últimos quatro anos, como Funai e Sesai, agenda ambiental, interrupção de iniciativas anti-indígenas no Congresso Nacional e ameaças no Judiciário — explica Xerexu, que faz parte da coordenação executiva da Apib.
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Nome de ministro segue em discussão
De Santa Catarina, também compõe o Grupo de Trabalho das Regionais o cacique Hyral Moreira, da aldeia Guarani em São Miguel, de Biguaçu. Formado em Direito, o cacique participa como assessor jurídico da Comissão Guarani Yvyrupa. Kerexu e Hyral representam sete estados onda comissão se faz presente.

— Estamos viajando neste começo de semana para Brasília, pois temos muito trabalho acerca da apresentação das propostas. Uma experiencia desafiadora em participar da reconstrução das políticas – diz Hyral.
Acerca das especulações de quem vai ser ministro, Kerexu lembra que existem nomes fortes, como a primeira deputada federal indígena eleita por São Paulo, Sonia Guajajara (PSOL-SP). Além de Guajajara, a imprensa especula para comandar a pasta indígenas com protagonismo internacional, como Célia Xakriabá (PSOL-MG), Joênia Wapichana (Rede-RR) e Beto Marubo, da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari.
— Com certeza o nome passa pela Apib e não se descartam surpresas, mas neste momento o foco é atender o movimento indígena que pretende retomar cargos importantes que foram retirados, como comandos na Fundação Nacional do Índio e na Secretaria Especial de Saúde Indígena, já que temos técnicos com formação para tal.
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