O ex-advogado-geral-adjunto da União José Weber Holanda, indiciado por corrupção passiva pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro, é o avalista de um contrato de aluguel da casa em que vive o ministro Luís Inácio Adams, da Advocacia-Geral da União (AGU).
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Na prática, Weber poderia ser considerado responsável pelas dívidas de Adams, caso ele deixasse de fazer algum pagamento ao proprietário do imóvel. O ministro da AGU mora na quadra QI 9 do Lago Norte, em Brasília.
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A informação foi divulgada na tarde desta quinta-feira no blog do jornalista Gerson Camarotti, no site G1. A AGU confirmou o fato e disse que Adams pediu à imobiliária a substituição de Weber como avalista depois do escândalo.
A participação de Weber em um contrato de aluguel de Adams revela uma proximidade entre o advogado-geral da União e seu adjunto – que foi exonerado no dia 26 de novembro depois que a Polícia Federal o acusou de beneficiar empresas de aliados de Paulo Vieira, apontado como chefe do esquema desmantelado na Operação Porto Seguro.
Em nota enviada à reportagem, Adams informou que chegou a frequentar a casa de Weber, mas alegou que a relação entre os dois era “profissional”.
– Eu conheci o Weber trabalhando na AGU. Durante esses dez anos de convivência, cheguei a frequentar a casa dele em alguns momentos. No entanto, na maioria das vezes a minha relação com ele era técnica e profissional – afirmou o ministro.
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Na quarta-feira, no Senado, o advogado-geral da União disse que confiava em Weber, mas afirmou que se sentiu traído depois que foi descoberta a participação de seu adjunto no esquema de fraude de pareceres técnicos.
– Eu levei um técnico, uma pessoa que acreditava que cumpria uma função, mas infelizmente ele quebrou a confiança e a quebra da confiança é algo que não se recompõe – afirmou Adams.
A Polícia Federal acusa Weber de ter recebido dinheiro e duas passagens de navio do grupo de Paulo Vieira para beneficiar processos do ex-senador Gilberto Miranda na AGU. O ex-advogado-geral-adjunto nega que tenha recebido propina e diz que pagou pelos bilhetes.
Weber teria mantido contato com Paulo Vieira de abril a novembro de 2012, segundo as investigações. Ele teria produzido pareceres que fundamentariam dois empreendimentos de Miranda em terrenos que pertenciam à União, em São Paulo.
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De acordo com a PF, Weber teria interferido em um processo da Secretaria de Patrimônio da União sobre a Ilha de Cabras, em Ilhabela (SP). O objetivo era permitir que a AGU fizesse uma análise jurídica para que Miranda mantivesse a ocupação das terras. O ex-senador construiu uma mansão e um heliporto na ilha.
A investigação também afirma que Weber ajudou Miranda na aprovação do projeto de um complexo portuário de R$ 2 bilhões na Ilha de Bagres, em Santos (SP).
Em audiência no Senado, na quarta, Adams disse que Weber tinha a função de encaminhar decisões dos setores técnicos da AGU, mas não tinha o poder de interferir nelas ou mudar seu conteúdo sem o crivo dos demais dirigentes do órgão. O advogado-geral da União disse também que 40 processos conduzidos pela instituição com o crivo de Weber serão revistos e, se revogados, terão impacto jurídico capaz de alterar projetos e decisões do governo federal.