A inflação medida pelo Índice do Custo de Vida (ICV) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em março impactou menos o orçamento mensal das famílias consideradas mais pobres e pressionou mais as despesas das mais ricas.

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Enquanto o ICV geral subiu 0,45%, mostrando uma aceleração de 0,48 ponto percentual sobre a deflação de 0,03% em fevereiro, para as famílias que se enquadram no estrato de renda 1 (que têm uma renda mensal de até R$ 377,49), a inflação foi de 0,20%. Na outra extremidade, os mais ricos, ou aquelas famílias que detêm uma renda mensal de até R$ 2,792,90, incluídas no estrato 3, o aumento da inflação foi de 0,59%.

A coordenadora do ICV-Dieese, Cornélia Nogueira Porto, explica que a aceleração do ICV em março decorreu de aumentos no grupo Habitação (1,60%), originados basicamente no condomínio e no serviço doméstico, decorrentes do reajuste do salário mínimo de R$ 380,00 para R$ 415,00.

– Assim, as famílias de maior poder aquisitivo, que despendem 5,87% de seus gastos com estes serviços, foram as mais afetadas – afirma a economista do Dieese.

Da mesma forma, o aumento do grupo Transporte em março (0,52%) resultou em maiores contribuições (0,03 ponto percentual) para as famílias mais pobres e para as famílias com o nível de renda intermediário (0,06 ponto). A explicação, segundo a coordenadora do ICV, está nos aumentos do preço do álcool combustível (1,95%).

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Já a queda dos preços dos Alimentos (-0,17%), principalmente dos in natura e semi-elaborados, beneficiou, em especial, as famílias de menor nível de renda, com impacto no cálculo de sua taxa de -0,09 ponto percentual.

– Nos demais estratos, estes benefícios foram declinantes. No estrato 3, foi de -0,02 ponto – diz Cornélia.