O número de famílias joinvilenses inadimplentes – ou seja, que não ainda não pagaram todas as suas dívidas – cresceu 54% em um ano. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada ontem pela Fecomércio-SC e pelo Sindilojas de Joinville, apontam que a quantidade de grupos familiares na cidade com contas a pagar atrasadas saltou de 13.859, em janeiro de 2013, para 21.493 em janeiro deste ano.

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Dentre os inadimplentes, subiu, neste período, de 2.557 para 8.059 o número de famílias que disseram não ter condições de quitar as dívidas vencidas – um acréscimo de 215%. Apesar do grande volume, esses grupos representam apenas 4,9% do total das famílias endividadas.

O economista e mestre em educação financeira Jucilei Geraldo Hubner esclarece que endividamento e inadimplência têm definições diferentes. Qualquer pessoa que faça um empréstimo ou financie uma compra está contraindo uma dívida – e será considerado endividado até quitá-la. A partir do momento que este consumidor deixa de honrar esse compromisso – o não pagamento do empréstimo ou o atraso no pagamento das parcelas – dentro de uma data predefinida, ele passa a ser inadimplente. O comércio, por exemplo, considera um cliente inadimplente depois de um atraso de 30 dias.

Situação sob controle

Já o percentual de famílias endividadas em Joinville, de acordo com a pesquisa, passou de 39,5% para 43%, conforme o colunista Claudio Loetz já havia antecipado na edição de segunda-feira de “A Notícia”. Em números absolutos, o número subiu de 64.512 para 70.279. Os principais “culpados” pelo endividamento são o cartão de crédito (45,6%), os financiamentos de carro (28,6%) e o cheque especial (16,1%).

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Para a Fecomércio-SC, esse crescimento é moderado e “está de acordo com o atual cenário do crédito às famílias no Brasil”. Para o assessor econômico da entidade, Maurício Molinari, não há possibilidade de crise ou descontrole de endividamento familiar.

– Em Joinville, é possível concluir que há cultura de crédito. As pessoas têm domínio da dívida e recuam quando a renda começa a ficar comprometida – avalia o especialista.

Molinari lembra ainda que a dívida é reflexo do crescimento do consumo, impulsionado pelo aumento da renda.

– Se as pessoas estão consumindo é porque também a renda familiar está mais elevada que a média brasileira – argumenta.

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Comprometimento da renda

O levantamento da Fecomércio-SC também revela que as famílias de Joinville têm 26,8% da sua renda mensal comprometida em função das dívidas. O índice é aceitável, segundo o economista e mestre em administração financeira Jucilei Geraldo Hubner. O sinal vermelho deve ser acionado caso ele ultrapasse 30%.

Sobre o crescimento das famílias que disseram não ter condições de quitar as dívidas, o especialista acredita se tratar de um caso sazonal de inadimplência.

– Todo começo de ano acontece isso. As pessoas esquecem que não recebem salário no mês de janeiro, e nós não temos planejamento em nível de finanças domésticas – afirma.

Entenda a diferença

Endividamento: é qualquer tipo de compromisso financeiro assumido pelo consumidor. Um financiamento em 30 vezes em uma loja de departamentos é uma dívida. Mas se o consumidor pagar as prestações dentro dos prazos, não será considerado inadimplente.

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Inadimplência: é o desrespeito às contas que estão vencidas. O comércio, por exemplo, costuma considerar um consumidor inadimplente após um atraso de 30 dias no pagamento.