Depois de alcançar um número recorde de novos casos de HIV em 2015, Blumenau chega ao terceiro ano consecutivo com diminuição de detecções. É isso que aponta um relatório do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), órgão ligado ao Ministério da Saúde e que é alimentado pela notificação e investigação de casos de doenças. O dado leva em conta os novos registros de infecção do vírus da Aids até 31 de outubro deste ano.
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Três anos atrás, 277 pessoas haviam descoberto na cidade ter HIV. Esse índice diminuiu nos anos seguintes, mas se manteve alto. Foi a 232 em 2016, reduziu para 202 em 2017 e caiu para 130 em 2018. Se levar em conta o período deste ano em comparação ao ano passado, há uma redução de 35% na identificação de novos casos no Centro Especializado em Diagnóstico, Assistência e Prevenção (Cedap). É o menor número desde 2009, quando até o fim de outubro 127 pessoas descobriram no município ter o vírus da Aids.
Porém, de acordo com especialistas, essa diminuição não pode ser comemorada ou tratada como a solução para o problema. Médicos infectologistas ainda levantam outra questão: as pessoas estão se contaminando menos, ou fazendo menos testes de HIV? É isso que na avaliação de Amaury Mielle, infectologista e colunista do Santa, faz persistir a preocupação.
– Houve uma queda no Brasil, sim, de modo geral. Mas na minha clínica, por exemplo, estamos mantendo o número de casos semanais idêntico ao ano passado.
E se tomarmos como base a população que está fazendo o diagnóstico, parece que 2018 é reflexo da década de 1980. Há uma população de risco, de jovens homossexuais que estão se infectando, e que chama a atenção – aponta Mielle.
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Adultos entre 20 e 34 anos compõem a faixa etária que mais se infectou com HIV neste ano em Blumenau, de acordo com dados do Sinan, são 68 pessoas, número que corresponde a 52,3%. Outras 40 detecções foram de indivíduos entre 35 e 49 anos, 30,7% do total. Jovens entre 15 e 19 anos (três casos), pessoas entre 50 e 64 anos (18) e um caso de idosos entre 65 e 79 anos completam a lista de 130 registros.
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Para o médico infectologista Ricardo Freitas, do Cedap, a cidade acompanha uma tendência de redução do Brasil, mas ainda mantém o índice de detecção acima da média, o que requer cuidados. Isso porque embora os números estejam caindo, as infecções em grupos específicos não deixam de acontecer, e o comportamento de certo desleixo das pessoas na proteção sexual ainda persiste.
– Nem deveríamos mais ter infecção por HIV. Com esse massivo conhecimento e facilidade de acesso à informação, se é para termos casos, deveria ser muito pouco. Houve uma diminuição? Houve. Talvez por prudência, por cuidados sexuais, mas tem outros pontos que estão aquém da realidade. As pessoas não se previnem – argumenta Freitas.
Casos em SC e no Brasil também tiveram redução
Informações do Ministério da Saúde divulgadas na terça-feira – às vésperas do Dia Mundial de Combate ao HIV/Aids, lembrado amanhã – mostram que Santa Catarina registrou diminuição nos registros de HIV em 2017. Foram 26,8 casos notificados a cada cem mil habitantes, índice que coloca o Estado na 5a posição do Brasil. O resultado, embora alto, indica uma melhora, já que em 2016 as detecções do vírus eram de 30,5 para cada cem mil habitantes no Estado, o 3º maior do país.
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Sintomas de AIDS
– Febre persistente
– Tosse seca prolongada e garganta arranhada
– Suores noturnos
– Dor de cabeça e dificuldade de concentração
– Dor nos músculos e nas articulações
– Cansaço, fadiga e perda de energia
– Rápida perda de peso
– Candidíase oral ou genital
– Diarreia por mais de um mês, náusea e vômitos
– Manchas avermelhadas e pequenas bolinhas vermelhas ou feridas na pele