O grande esforço da equipe econômica nos últimos meses parece que não fez tanto efeito como planejado na taxa de câmbio e também na hora de comprar um sanduíche. Nova pesquisa do índice Big Mac realizada pela revista The Economist mostra que o real é a quinta moeda mais sobrevalorizada do mundo. Se a conta for ajustada pela riqueza produzida pelos habitantes de cada país, o quadro fica ainda indigesto: o real aparece como a divisa mais valorizada do planeta.

Continua depois da publicidade

A partir da ideia de que o McDonald’s se esforça para produzir sanduíches idênticos ao redor do planeta, com os mesmos ingredientes e métodos, a revista britânica usa o preço do item mais conhecido do cardápio, o Big Mac, para avaliar a taxa de câmbio pelo mundo. Para isso, compara os preços em dólar de cada mercado com o praticado na sede da lanchonete, os Estados Unidos.

Pela pesquisa, o Big Mac brasileiro, que custa R$ 11,25, está cotado a US$ 5,64 pela taxa de câmbio de quarta-feira (30). Esse preço é 29,2% mais alto que nos Estados Unidos, onde o sanduíche com dois hambúrgueres custa US$ 4,37. Em julho, a sobrevalorização do real era menor, de 14%. Um ano atrás, em janeiro de 2012, a moeda estava 35,3% sobrevalorizada.

“A força contínua do real é uma grande fonte de irritação para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que foi o primeiro a proclamar a expressão “guerra cambial” em 2010″, cita a matéria da Economist, que chega esta quinta-feira às bancas e publica o resultado da nova pesquisa.

“O Brasil lutou contra isso com a adoção de controles de capital na forma de impostos sobre a compra de títulos por estrangeiros, mas a moeda continua sobrevalorizada”, diz o texto. “Em dezembro, o Brasil registrou um déficit recorde em conta corrente com a queda das exportações, o que contribuiu para a queda das perspectivas de crescimento da economia.”

Continua depois da publicidade

Na liderança do ranking está a Venezuela, que congelou as cotações do bolívar fuerte há alguns anos. Pelo Big Mac vendido em Caracas, o índice mostra que a divisa está 107,9% sobrevalorizada em relação ao dólar. Em seguida, aparecem três países conhecidos por serem caros na Europa: Noruega (sobrevalorização de 79,5%), Suécia (+74,5%) e Suíça (+63,1%).