Também chamado de prévia do PIB, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) cedeu 0,38% em agosto, mas no acumulado do ano registra uma pequena alta de 0,31%. É com base nesse indicador que o BC toma decisões sobre a taxa de juros, a Selic, por exemplo. Os números estão mais ou menos em sintonia com as previsões de avanço da soma de riquezas do país para 2017.

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Em Santa Catarina o aumento da atividade econômica, que considera dados da indústria, comércio, serviços e agropecuária, além do volume de impostos, é mais acelerado, com alta de 3,13% entre janeiro e agosto.

Isso confirma a teoria defendida por entidades representativas e empresários locais de que o Estado foi o último a entrar e o primeiro a sair da crise.

– Os frutos dos ajustes, da diversificação e da capacidade empreendedora do industrial catarinense dão ao Estado uma condição diferenciada em relação à média brasileira – atesta o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina, Glauco Côrte.

Um dos motivos que explicam o aquecimento da atividade é o avanço na confiança do industrial. Em outubro, o índice calculado pela Fiesc e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) registrou, em uma escala de 0 a 100, 57,4 pontos. Foi o melhor resultado para o mês desde 2010, embora o indicador tenha sofrido leve queda na comparação com setembro (57,8 pontos)

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O índice de confiança no Brasil alcançou 56 pontos no último mês, alta de 0,3 ponto na comparação com setembro e 3,7 pontos acima do registrado em outubro de 2016.

A força que vem do campo

A recessão nos últimos anos só não foi pior por causa do setor primário, que segurou as pontas e impediu um tombo ainda maior no PIB. Agora, de novo, o campo tem papel significativo no processo de recuperação da economia nacional. A supersafra agrícola e a melhora nos preços das commodities ao longo de 2017 ajudaram a alavancar a geração de empregos e têm reflexos positivos também nos resultados da balança comercial.

De janeiro a outubro, as exportações do país somaram US$ 183,4 bilhões, alta de 19,5% frente ao mesmo período de 2016. Ainda que o volume seja menor do que o verificado no pré-crise em 2013 (US$ 200,3 bilhões), há razões para se comemorar. No ano, já chega a

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US$ 58,5 bilhões, o melhor da história. A sinalização de que o país está disposto a tocar as reformas aumentou a confiança lá fora, fazendo com que parceiros no exterior se sintam mais à vontade para comprar do Brasil, avalia Maitê Bustamante, presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc.

Em Santa Catarina os resultados também são bastante positivos. No ano as vendas externas já somam US$ 7,15 bilhões, alta de 14,5% na comparação com 2016. O setor de carnes continuam como os principais produtos de exportação. Em outubro, os embarques de aves subiram 23,1% na comparação com igual período de 2016.

Embarques de carne suína tiveram queda de 16,7%, mas no acumulado de 2017 os números são positivos e há boas perspectivas de vendas. Recentemente a Coreia do Sul liberou a importação de três frigoríficos do Estado.

O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne), Ricardo Gouvêa, também diz que há tratativas de comercialização para o México.

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Reação do mercado de trabalho

Termômetro do desempenho da economia, o desemprego enfim deu uma trégua após três anos de escalada contínua. No final do primeiro trimestre, a taxa de desocupação no Brasil atingiu 13,7%, a maior desde a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios iniciada em 2002 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Felizmente esse índice vem recuando gradualmente e chegou a 12,4% em setembro – embora impulsionado pelo trabalho informal. No ano o país acumula geração de 208,8 mil novas vagas. Metade deste saldo pode ser colocada na conta do campo, graças à supersafra agrícola. Os números são um alento diante das circunstâncias, mas o problema ainda é grave: 12,9 milhões de pessoas continuam sem um ofício.

Em Santa Catarina a realidade é menos pior. No final do segundo trimestre, a taxa de desocupação do Estado se situava em 7,5%, a menor do país. Ao longo de 2017, o Estado acumula, até setembro, um saldo positivo de geração de 37,2 mil vagas puxado sobretudo pela performance da indústria, que abriu 26,2 mil postos de trabalho neste período.

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Para o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, a diversidade da economia catarinense e a capacidade empreendedora do empresariado garantiram que os números por aqui ficassem acima da média nacional. Por outro lado, esse resultado apenas compensa o que foi perdido em 2016, quando o Estado eliminou 32,6 mil vagas.

Se geração de emprego historicamente é um assunto que pauta campanhas presidenciais no Brasil, em 2018 o tema deve estar ainda mais em evidência na disputa, apostam especialistas. Para o ano que vem, as projeções indicam que a taxa nacional de desemprego fique entre 11% e 12%. Isso se não houver nenhuma catástrofe pelo caminho.

Indústria aquecida

Impulsionada principalmente pela metalurgia, setor que contabiliza aumento de 25,4% de janeiro a setembro, a produção industrial catarinense reage com alta de 3,6% no ano. É o terceiro melhor resultado entre todos os Estados – no Brasil o avanço é mais tímido, de 1,6%.

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Esse cenário indica que as empresas estão desovando os estoques e voltando a ocupar a capacidade ociosa, algo que poderia abrir espaço para ampliações que resultem na geração de novos empregos. Para o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, no entanto, isso não deve acontecer de maneira imediata. Ele acredita que o empresário vai esperar por um cenário mais claro sobre eleições presidenciais.

– Só então ele assumirá riscos. Observa-se uma elevação dos investimentos, mas poucos estão associados a novos projetos ou expansão da capacidade – analisa.

Há um entendimento comum entre economistas e especialistas de que somente ampliar a produção é insuficiente para colocar o país na rota do crescimento sustentável. É preciso atacar, também, os baixos níveis de produtividade. Os cortes anunciados pelo governo federal na área de tecnologia preocupam e se tornam um obstáculo adicional nessa corrida.

Queda no juro, mais vendas

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Quem aguarda com expectativa a evolução nos indicadores de emprego é o comércio. Mais gente trabalhando significa mais renda no mercado, o que se reflete no aumento do consumo nas lojas. O cenário neste caso também começa a melhorar. Apesar de uma leve queda de 0,5% na comparação com julho, em agosto as vendas no varejo subiram 3,6% em relação ao mesmo mês de 2016. O acumulado em 12 meses ainda está no vermelho (-1,6%), mas no ano já há pequeno avanço (0,7%).

Enquanto em nível nacional o segmento ganha fôlego a conta-gotas, em SC os resultados surpreendem até mesmo os mais otimistas. Em agosto, o incremento foi de 16,4% frente ao mesmo período de 2016, o melhor desempenho entre todos os estados. Nos oito primeiros meses de 2017, o acréscimo nas vendas do setor chega a 13,5% e na contagem de um ano o resultado é 8,5% melhor.

Neste caso, o saque das contas inativas do FGTS colaborou bastante ao garantir algo em torno de R$ 2,2 bilhões nos bolsos dos catarinenses.

A queda na taxa de juros – hoje em 7,5% – ajuda a estimular novos financiamentos e os baixos índices de inflação – mísero 1,78% de janeiro a setembro e apenas 2,54% em 12 meses – fizeram o dinheiro do consumidor render mais.

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