A incidência de casos de tuberculose em Itajaí é 120% maior do que no país e supera em quase três vezes o índice de Santa Catarina. Os números preocupam a Diretoria de Vigilância Epidemiológica, principalmente pelo alto percentual de desistência do tratamento, que dura entre seis e nove meses.

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Enquanto Itajaí registrou 78 casos a cada 100 mil habitantes em 2013, o país tinha uma média de 35,4. No comparativo com SC, a diferença é ainda maior: o Estado possui 28 ocorrências para cada 100 mil habitantes. Os dados mais recentes do Ministério da Saúde são de 2013, pois a análise das informações ocorre a cada dois anos em função do tempo de tratamento.

– O número é muito alto. Apesar de ter caído nos últimos anos, continua elevado – avalia a diretora da Vigilância Epidemiológica, Rachel Marchetti.

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Segundo dados da prefeitura, em 2014 foram 68 casos a cada 100 mil habitantes e quatro mortes. Em 2015, o município contabiliza um total de 100 casos, entre registros novos, pacientes que contraíram novamente o bacilo e situação de abandono do tratamento ou transferência de outra cidade – o número representa quase a metade dos registros do ano anterior.

Dificuldade no combate

Além da incidência elevada, Itajaí enfrenta dificuldades no combate. A diretora de Vigilância Epidemiológica afirma que entre as principais causas do problema estão a drogadição e o alcoolismo, que geram o abandono do tratamento.

– O paciente chega muito debilitado para se tratar. Porém, em três meses ele melhora e acha que está curado, daí abandona – alerta Rachel.

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O tratamento é feito com medicamentos tomados via oral diariamente, fornecidos de graça pela prefeitura, e não pode ser interrompido. Caso isso ocorra, o paciente volta a transmitir a doença e pode desenvolver a forma mais grave e resistente da tuberculose.

– Para minimizar esses números a secretaria de Saúde tem capacitado todas as unidades de saúde para oferecer a orientação necessária. Como o tratamento é extenso, em muitos casos a unidade entrega diariamente a medicação em casa, para que a pessoa não abandone – afirma.

Especialista defende combate descentralizado

O trabalho de combate à tuberculose é intenso, conforme a coordenadora do curso de Medicina da Univali, Rosalie Knoll. Ela explica que é necessário descentralizar o tratamento e oferecê-lo em todas as unidades de saúde, facilitando o acesso dos pacientes e controlando de perto a medicação. Para Rosalie, o alto índice da doença pode ser atribuído à facilidade de transmissão, através da tosse:

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– Tem que diagnosticar, tratar e curar, monitorar o paciente e até ser meio autoritário para conseguir controlar a doença.

Rosalie afirma que o diagnóstico precoce pode ser um aliado. Entre os sintomas estão tosse por mais de 10 dias, suor à noite, fraqueza, falta de apetite, emagrecimento e catarro com sangue.

– Se a doença começar a ficar resistente temos um problema, pois não há muitos medicamentos novos para o tratamento – avalia.

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