Todos os dias, pelo menos uma pessoa é infectada ou descobre que carrega o vírus HIV em Joinville. Neste ano, 442 novos casos foram diagnosticados na cidade até 29 de novembro, um aumento de 30% em relação ao ano passado, quando este número era de 339 diagnósticos no ano inteiro. Os números estão aumentando, no que a Vigilância Epidemiológica de Joinville já considera uma epidemia: em 2012, por exemplo, foram 214 diagnósticos durante todo o ano e, em 2014, já havia passado para 352 novos casos.
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Em compensação, o número de pessoas que identificaram não só o vírus HIV mas também que desenvolveram a AIDS está caindo: foram 113 diagnosticados com a síndrome no ano passado contra apenas 84 até o fim de novembro.
— Isso acontece porque as pessoas estão sendo diagnosticadas com antecedência. Com isso, podemos iniciar o tratamento mais cedo e, assim, ele é mais rápido e mais efetivo. Não estando com outra doença oportunista e se o tratamento for seguido conforme o protocolo, em seis meses a pessoas pode chegar até a ficar com a carga viral indetectável. Ela continuará o tratamento para o resto da vida, mas não o transmitirá — informa a coordenadora do Centro de Vigilância em Saúde de Joinville, Mayra Miers Witt.
A preocupação dos órgãos de saúde atualmente é conscientizar os mais jovens sobre a importância das relações sexuais com proteção e da prevenção contra o HIV. No município, 41% dos portadores de HIV tem entre 20 e 29 anos — essa é a faixa etária com maior número de incidência. São 87 casos para cada cem mil habitantes nessa faixa etária.
— Os jovens não viram ídolos como Renato Russo e Freddie Mercury, nem tiveram pessoas conhecidas, morrendo por causa do HIV. Como a doença está controlada, as pessoas não dão a ela tanta importância. Por isso, estamos vivendo uma epidemia novamente no Estado — afirma Mayra.
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Entre as ações atuais que a Secretaria de Saúde promove para educar os moradores em reação à prevenção contra o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, estão a aplicação dos testes rápidos às atividades dos ambulatórios das empresas da cidade. A ideia é que o exame esteja mais próximo desse público, já que esta é uma faixa etária que geralmente está empregada e não consegue realizar os testes no horário de funcionamento das unidades básicas de saúde, onde eles são oferecidos desde 2014.
Os testes rápidos garantiram maior número de detecções e, com elas, o acompanhamento e o tratamento das pessoas — antes, o banco de dados era apenas para as detecções de AIDS, ou seja, o paciente que já apresentava a carga viral há alguns anos e que o quadro havia evoluído para a infecção.
Diferentemente do teste tradicional, no qual uma amostra de sangue é colhida, enviada para laboratório e o resultado leva alguns dias, o teste rápido retira a amostra de sangue com uma picadinha no dedo – semelhante ao teste de glicemia – e, após entrar em contato com um reagente, apresenta o resultado em cerca de 15 minutos. É possível realizar o teste rápido nas unidades básicas de saúde de Joinville e no Centro de Tratamento da Aids. Ele pode ser oferecido durante a triagem ou pelo médico em qualquer unidade de saúde, mas também pode ser feito sob agendamento, por interesse do paciente. O teste é para HIV, sífilis, hepatite B e C.
8º lugar em diagnósticos em Santa Catarina
Joinville é o município que concentra mais casos de portadores em tratamento pelo vírus HIV em Santa Catarina, com 4.085 em tratamento. Enquanto a taxa nacional é de 20 casos a cada cem mil habitantes, na cidade a taxa é de 41,2 casos a cada cem mil habitantes. O alto número pode ser explicado, principalmente, por ser a cidade com maior número de habitantes e por receber pessoas de outros municípios para atendimento.
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Quando trata-se do número de incidência, o município ocupava, no último levantamento, o 8º lugar das 12 cidades catarinenses que integram o Plano Interfederativo de Cooperação Técnica entre o Ministério da Saúde, Estado e município, que tem o objetivo de reduzir os casos e a transmissão do HIV.
Em Joinville, o número de casos diagnosticados de HIV cresce na proporção de dois homens para cada uma mulher. A população heterossexual representa 75% dos casos, enquanto a população homossexual e bissexual juntas somam 25%. Desde 2015, não foram mais identificados casos de transmissão de mãe para filho: em outubro deste ano, por exemplo, dos 37 novos casos identificados, 13 eram gestantes. Nesse mês, nasceram 11 bebês de mães portadoras de HIV na cidade: todos passaram pela profilaxia após o parto e não apresentaram o vírus.