No dia 29 de maio, a cantora Joelma apareceu com o rosto muito inchado em um show realizado na cidade de Parauapebas, no Pará, deixando seus fãs preocupados. Depois, a equipe da cantora explicou que o estado do rosto de Joelma era uma sequela da Covid-19: o inchaço pós-Covid. Segundo Joelma, ela foi infectada três vezes pelo novo coronavírus, que deixou nela um “efeito sanfona”: alguns dias seu corpo fica inchado, mas depois volta ao normal.

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Dois dias depois, no dia 31 de maio, a cantora postou fotos novas nas redes sociais mostrando seu rosto aparentemente desinchado. O fato levantou discussões sobre as sequelas da doença e se o inchaço pós-Covid era uma delas.

Inchaço é uma das sequelas da Covid-19?

Alexandre Piva, professor emérito de Medicina e consultor de Infectologia da Universidade Cidade de São Paulo, explicou que é necessário ter cautela ao afirmar que o edema na face de Joelma tenha relação com a Covid-19, pois não há consenso científico. Segundo ele, tudo que se conhece são relatos de casos que precisam de comprovação científica. Algumas manifestações na pele foram relatadas no período de recuperação da Covid, mas, até o momento, são suposições.

Já Guilherme Henn, infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, informou que seria preciso conhecer detalhes dos episódios da doença vivenciados por Joelma para considerar suas sequelas. “Embora a Covid-19 possa determinar sintomas crônicos (que chamamos genericamente de “long Covid”), edema em face não costuma fazer parte do quadro ou, pelo menos, não é comum”, declara.

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A infectologista Andrea Beltrão disse ao G1 que essa sequela é incomum e que o edema que acontece após a Covid-19 é devido ao processo inflamatório intenso que leva à trombose na microcirculação.

Já o infectologista Domingos Sávio Matos Dantas explica que o inchaço pós-Covid pode ser sequela do coronavírus em casos raros, por exemplo, em casos graves com uma atividade inflamatória elevada. Segundo ele, mesmo que o inchaço ocorra, é importante tomar as vacinas disponíveis.

Covid pode causar erupções cutâneas e inchaço?

Em dezembro de 2020, Morgan McElroy, moradora de Dayton, Ohio, Estados Unidos, deu entrada na emergência de um hospital, com o rosto inchado e coberta por uma erupção cutânea vermelha que coçava e se espalhava por todo o corpo. O caso de inchaço foi relatado ao The Washington Post.

Morgan McElroy apresentou inchaço no rosto
Morgan McElroy apresentou inchaço no rosto (Foto: Arquivo pessoal/Morgan McElroy)

Em um vídeo do TikTok, Morgan disse ser “alérgica ao Covid”, porém, embora seus sintomas pareçam uma reação alérgica, especialistas disseram que é “altamente improvável” que ela tenha desenvolvido uma alergia real ao novo coronavírus.

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Segundo Purvi Parikh, alergista e imunologista da Allergy and Asthma Network, vários pacientes de Covid relataram reações semelhantes. Na verdade, as erupções cutâneas são consequências frequentemente conhecidas de vírus e geralmente benignas. Os sintomas que a americana desenvolveu são provavelmente um subproduto de seu sistema imunológico lutando contra o coronavírus, disse David Stukus, membro da força-tarefa de resposta à Covid-19 da Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia.

Segundo David, vírus e outras infecções são gatilhos comuns para episódios aparentemente aleatórios de urticária e inchaço.

A americana contou ao The Washington Post que começou a ter a sensação de que algo estava errado com ela quando acordou com uma sensação incomum de coceira dentro da boca. Ela tomou um medicamento e dormiu um pouco. Horas depois, ficou assustada com o que viu no espelho: um grande inchaço no rosto. Ela reparou que também parecia que sua garganta estava inchando, o que levou sua mãe a ligar para a emergência.

Além do inchaço, grande parte de seu corpo estava coberto de manchas vermelhas que coçavam. No atendimento, ela foi perguntada se havia comido algo de diferente ou usado um novo sabão em pó e ela explicou que não havia feito nada de novo, que o inchaço teria aparecido do nada.

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Morgan foi enviada para casa com uma receita e a explicação de que o que havia acontecido poderia estar relacionado à Covid.

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Prováveis razões do inchaço pós-Covid

Segundo Panagis Galiatsatos, professora assistente de medicina no Johns Hopkins e médica pulmonar e de cuidados intensivos que trabalha com pacientes com Covid, a reação de Morgan significa apenas que o sistema imunológico dela não gosta de Covid, “não é diferente do sistema imunológico de qualquer outro ser humano”.

Erupções cutâneas e inchaço desencadeados por infecções são mais comumente vistos em crianças pequenas e, por essa razão, pode assustar os adultos um pouco mais.

Os sintomas de alergia são provavelmente o resultado do sistema imunológico de uma pessoa se tornando “um pouco hiperativo em sua tarefa de eliminar a infecção”, disse ela.

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Acredita-se que essa reação não esteja ligada a outros tipos de erupções cutâneas causadas pelo coronavírus, incluindo as manchas incomuns semelhantes a congelamento que foram observadas nos dedos dos pés e, às vezes, nos dedos das mãos das pessoas. O que Morgan descreveu no TikTok “é mais semelhante ao que vemos com vírus em geral”, disse Parikh.

Uma teoria é que um sistema imunológico hiperativo possa causar a liberação de histamina, semelhante ao que acontece quando o corpo encontra um alérgeno. Assim, o vírus “meio que” imita uma alergia.

Após o inchaço e as manchas vermelhas terem desaparecido, Morgan postou um segundo vídeo explicando que ela sabe que não é realmente alérgica à Covid e que a liberação de histamina desencadeada pela Covid-19 foi a causa mais provável de seus sintomas.

Ainda não é possível afirmar a existência do inchaço pós-Covid. Isso só poderá ser feito quando trabalhos científicos comprovarem tal sequela.

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Como tratar o inchaço pós-Covid

É importante tomar as vacinas disponíveis, mesmo que o inchaço ocorra.

O gelo é um ótimo tratamento para inchaço e para as dores e não interage com nenhum medicamento que o paciente possa estar usando. Outra alternativa para aliviar inchaços é colocar sobre a área uma toalha limpa molhada.

Principais sequelas da Covid-19

A Covid-19 acomete especialmente o sistema respiratório, porém outras partes do corpo também podem sofrer complicações no pós-Covid. Sequelas pulmonares, neurológicas, cardíacas e psicológicas já foram detectadas, especialmente em pacientes com casos graves.

Em muitos casos, as células e sistemas do organismo são afetados devido à ação hiperinflamatória viral. Por isso, é fundamental saber identificar essas alterações para iniciar o tratamento adequado.

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Sequelas pulmonares

Após serem infectadas pela Covid, muitas pessoas podem continuar a sentir cansaço e dificuldade para respirar. Em casos mais graves, a principal sequela é a fibrose pulmonar. O vírus SARS-CoV-2 (causador da Covid) pode gerar lesões que criam edemas no pulmão. Com o tempo, o pulmão cicatriza, gerando tecido fibroso que compromete o funcionamento do órgão e a oxigenação do sangue.

Sequelas neurológicas

A longo prazo, a hiperinflamação causada pelo novo coronavírus apresentou uma redução cognitiva em muitos pacientes. Foram relatados casos de perda de memória, danos no sistema nervoso central e periférico, dificuldade de concentração e psicose.

Sequelas cardíacas

Em pacientes com quadros graves e comorbidades foram registrados casos de arritmias, lesões miocárdicas, redução nas funções do coração e fibrose cardíaca.

Sequelas psicológicas

A doença também aumenta a tendência de o paciente desenvolver alterações de humor, depressão, ansiedade e estresse pós-traumático. O isolamento social e as restrições impostas nos últimos anos podem ter contribuído com essas sequelas.

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Sintomas persistentes

Mesmo após a recuperação da doença, algumas pessoas podem apresentar sintomas persistentes, como:

  • dores de cabeça permanentes;
  • alterações no paladar;
  • queda de cabelos;
  • dores nervais;
  • reações alérgicas;
  • distúrbio da coagulação sanguínea;
  • tosse constante.

Covid longa

As pessoas que se recuperaram da Covid-19, mas ainda apresentam alguns sintomas, podem ter o que é conhecido como Covid longa ou condição pós-Covid.

Os três sintomas mais comuns da condição pós-Covid incluem falta de ar, disfunção cognitiva – que as pessoas chamam de névoa cerebral -, e fadiga. No entanto, outras centenas de sintomas foram relatadas em pacientes, como dores no peito, dificuldade para falar, ansiedade ou depressão, dores musculares, febre, perda de olfato, perda de paladar.

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A duração dessa condição ainda não está completamente clara, pois pode variar de três meses até nove, em certos casos.

Tratamento da Covid longa

Uso de máscaras é importante para prevenir o novo coronavírus
Uso de máscaras é importante para prevenir o novo coronavírus (Foto: Banco de imagens)

Qualquer paciente ou pessoa que desenvolva uma condição pós-Covid-19 deve procurar atendimento médico. Os cuidados podem incluir cuidados primários, bem como profissionais de reabilitação especializados, assistentes sociais, assistentes psicossociais e profissionais de saúde mental.

Ainda não há tratamento específico para a Covid longa. Pesquisas sobre como tratar a condição estão sendo feitas para entender como ela se desenvolve.

No entanto, é de consenso geral que prevenir a infecção por SARS-CoV-2 e a Covid-19 é a melhor maneira de prevenir o desenvolvimento da Covid longa, pois a vacinação reduz a hospitalização e a mortalidade. Medidas de saúde pública, como uso de máscaras nos locais apropriados, distanciamento físico, lavagem das mãos, também são extremamente importantes para prevenir o novo coronavírus.

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Perguntas e respostas sobre a vacinação da Covid

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