Novos incêndios e briga entre famílias com suposta troca de tiros voltaram a ser registrados na Aldeia Kondá, em Chapecó, no final de semana. Os conflitos foram registrados duas semanas após disputa de poder terminar com a morte de uma pessoa em 16 de julho e obrigar indígenas a deixarem suas casas.
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A Polícia Federal segue as investigações sobre o caso, que também é acompanhado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
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Na tarde de sábado (29), segundo a Polícia Militar, houve briga entre duas famílias onde foram ouvidos tiros. Os agentes conversaram com o cacique, que relatou ter apaziguado os ânimos.
Já durante a noite, duas casas, que estavam desocupadas, foram incendiadas, de acordo com a PM. Equipes dos bombeiros foram acionadas e atuaram no combate às chamas.
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O que se sabe e o que falta saber sobre o conflito em aldeia indígena de SC com morte e feridos
De acordo com o coordenador regional da Funai, Adroaldo Antônio Fidelis, os imóveis eram de indígenas que resolveram deixar a aldeia.
— Foram chamados PM, PF e Bombeiros, que estiveram no local e contiveram as chamas. Os suspeitos foram identificados. A PM tomou seus depoimentos e os liberaram — explica.
Segundo a Polícia Federal, o caso será investigado. Em relação ao incêndio, o órgão pontua que as primeiras informações apontam que “os próprios donos das casas, que carregaram as coisas e queimaram as casas”.
Ginásio é desocupado
Ainda segundo o coordenador da Funai, os indígenas deixaram o Ginásio Municipal Ivo Silveira, em Chapecó, neste domingo (30). O local serviu de abrigo ao grupo após o primeiro conflito. Segundo a prefeitura, mais de 300 pessoas — sendo 240 da etnia Kaigang — foram hospedadas na área. Mas apenas 10 retomaram à Aldeia Kondá.
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Conforme o coordenador, grupos fretaram por conta própria um ônibus e foram para Mafra, no Norte do Estado, na noite de sábado.
— A Funai tomou conhecimento hoje [domingo] pela manhã [da ida deles para o Norte] — diz Fidelis.
Ao chegaram no local, segundo o coordenador, um ofício foi enviado para a Funai nacional e para o Ministério dos Povos Indígenas, informando que o local onde o grupo ficará em Mafra não possui a estrutura necessária para o acolhimento das pessoas.
“Recebemos esta informação com extrema preocupação, posto que hoje a aldeia de Mafra/SC se encontra em local insalubre, sem condições adequadas de saneamento e água nem para as famílias que lá já habitam. São 12 famílias atualmente, que mal retiram seu sustento no local em que se encontram. Descabido, portanto, imaginar que o local possa abrigar sequer mais uma ou duas famílias, quanto mais 41, como se pretende”, diz o documento.
Conforme a Funai, a orientação era de que eles fossem para uma terra legalizada, mas o grupo teria “ignorado o pedido”. Os demais foram para aldeias localizadas em Curitiba, Iraí e Blumenau.
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Em relação aos integrantes de 24 famílias indígenas suspeitas de envolvimento no conflito de 16 de julho, o coordenador informou que eles ” foram para outras terras indígenas ou acampamentos indígenas no Paraná e aqui mesmo no estado de Santa Catarina”.
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Entenda o caso
De acordo com a PM, no local ocorria uma festa e indígenas de um grupo opositor ao atual cacique foram até o espaço, onde teve início uma briga generalizada. Depois, houve novo confronto e novamente as autoridades foram acionadas.
Durante a briga, diversas formas de agressão foram registradas como socos, pontapés, pedradas e arma de fogo. Casas e carros também foram incendiados, segundo o Corpo de Bombeiros Militar. Conforme a Funai, o conflito tem a ver com uma disputa de poder pela liderança da aldeia.
*Com informações de Andrielli Zambonai, da NSC TV Chapecó
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