No alto do Morro do Aipim, um clarão que podia ser visto a quilômetros e quilômetros de distância em Blumenau. As chamas altas indicavam o fim de uma era: o espaço onde funcionou o icônico Frohsinn foi destruído em um incêndio cuja causa nunca foi descoberta. Exatos 10 anos depois, o restaurante ganha a possibilidade de uma nova fase, com a promessa de memorial e teleférico.
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O ano do incêndio, 2014, coincide com a época em que a prefeitura manifestou interesse em vender o imóvel. O antigo Frohsinn havia sido fechado dois anos antes. O fogo não alterou os planos, mas os anos passaram e somente uma década depois é que ideias começaram a sair do papel. Agora, a empresa contratada pela prefeitura precisa terminar a reforma até a 39ª Oktoberfest, em outubro.
O plano do município é criar ali, em um primeiro momento, um memorial da festa, como o colunista Pedro Machado já havia antecipado. Esta atração, com entrada gratuita, reunirá cartazes, canecos, trajes antigos da realeza e outros elementos que narram a trajetória de 40 anos do evento.
Esse memorial deve ser criado no pavimento superior do Frohsinn. Na parte de baixo, que dá para o mirante – que terá acesso à parte e também gratuito –, a ideia é abrir uma lanchonete ou choperia. Em uma segunda etapa, o antigo restaurante deve ser alvo de uma nova tentativa de concessão à iniciativa privada, após duas tentativas frustradas com os proprietários do Restaurante Indaiá.
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A construtora vencedora da licitação fará a troca dos sistemas elétrico e hidráulico do imóvel, urbanismo e estruturas adaptadas para pessoas com deficiência, como banheiros e elevador. Os trabalhos vão custar R$ 2,8 milhões.
Já há potenciais investidores sondando o espaço. Uma futura licitação deve preservar a vocação original de restaurante e espaço para eventos. E também irá prever a instalação de um teleférico até a Prainha, como já anunciou o prefeito Mário Hildebrandt. Ele pensa em lançá-la ainda em 2024. Se não der tempo, deixará o projeto pronto para o sucessor.
Até lá, além da reforma, a prefeitura também vai bancar a pavimentação do Morro do Aipim, oficialmente chamado de Rua Gertrud Sierich. A via receberá uma camada de concreto e melhorias de drenagem pluvial, em um investimento de R$ 1,7 milhão. A ordem de serviço para a obra foi assinada no mês passado, junto com a da reforma.
Do icônico restaurante ao abandono
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Linha do tempo
- 1968 – Começa a construção do imóvel. O restaurante é inaugurado um ano depois.
- 2003 – Prefeitura lança edital para a ocupação do espaço. Uma das cláusulas determina que o locatário não pagaria o aluguel se calçasse a Rua Gertrud Sierich (Morro do Aipim).
- 2004 – Em fevereiro, inicia a exploração do espaço.
- 2009 – Prefeitura faz notificação extrajudicial, pois concessionária não cumpre com a compensação do calçamento.
- 2010 – Em julho, como não ocorre a desocupação e prefeitura entra com um pedido de reintegração de posse na Justiça.
- 2012 – O restaurante é fechado em outubro.
- 2013 – Em agosto, a Justiça determina que prédio volte à prefeitura.
- 2014 – Em janeiro, a prefeitura manifesta interesse em vender o imóvel que abrigou o restaurante Frohsinn. Quatro dias depois o Conselho Municipal de Cultura emite uma resolução contra. Em maio, a prefeitura de Blumenau afirma que a preferência do município é vender o imóvel da antiga sede do restaurante no Morro do Aipim. Em agosto o incêndio acontece.
- 2018 – É assinado o contrato de concessão aos proprietários do Restaurante Indaiá para explorar o espaço no Morro do Aipim. Na época, no entanto, os vencedores apresentaram um projeto de ampliação da área maior do que o permitido em edital. Temendo contestação judicial, a prefeitura decidiu refazer o processo.
- 2020 – No novo edital, o Indaiá vence mais uma vez.
- 2022 – Prefeitura e Indaiá chegam a um acordo para rescindir o contrato assinado.
- 2024 – Prefeitura assina ordem de serviço para o início da reforma.