O incêndio de grandes proporções que atingiu o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro na altura de Palhoça, na Grande Florianópolis, no último fim de semana pode ter sido originado de uma fogueira em um monte de entulho em uma servidão vizinha ao local, na Enseada de Brito.
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A forte ventania da ocasião, causada por um ciclone extratropical que avançava no Sul do país, teria alastrado então o fogo da rua para a vegetação nativa da Baixada do Maciambú, como é conhecido perímetro de Mata Atlântica que divide a enseada em Palhoça da rodovia BR-101.
A hipótese sobre a causa do incêndio foi levantada pela Polícia Militar Ambiental (PMA) ao NSC Total nesta segunda-feira (3), dia em que ainda seriam feitas diligências para confirmar a suspeita.
A PMA também adiantou à reportagem que, uma vez identificado, o autor receberá a lavratura do auto de infração ambiental e poderá vir a responder criminalmente pelo incêndio.
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A Lei de Crimes Ambientais prevê reclusão de um a cinco anos a quem causar dano direto ou indireto às unidades de conservação (artigo 40), caso do parque estadual, e detenção de três meses a um ano, além de multa, ao autor que destruir ou danificar florestas nativas (artigo 50).
Também nesta segunda, a PMA opera voo de drone para fotografar e conseguir contabilizar o tamanho da área atingida pelo fogo. Essa atividade foi impossibilitada nos dias anteriores pelo forte vento.
19 horas de trabalho e equipe especial
O incêndio no parque exigiu cerca de 19 horas de combate ao fogo pelo Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), que chegou a ter 11 viaturas empenhadas no combate ao fogo, entre as quais havia quatro caminhões e um auto tanque.
Além de bombeiros de Palhoça, foram convocados brigadistas da equipe de Força-Tarefa 10, especializada em eventos extremos, do batalhão de São José.
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Ao todo, eram 33 bombeiros no auge da operação, entre militares e voluntários. O grupo também contou com apoio da aeronave Arcanjo 01 para mapear o tamanho dos estragos e operar o bambi bucket — um tipo de balde suspenso usado para combater incêndios.
O trabalho de combate ao fogo foi desafiado também pela ventania e a baixa umidade na região, que espalhava o incêndio em novos fogos. Mesmo depois de conter as chamas, o CBMSC mantém uma equipe aérea no parque e monitoramente por drone para evitar novos danos.
Histórico de incêndios
A ocorrência deste fim de semana despertou preocupação nos moradores da região pela lembrança de incêndios anteriores. Em 2019, Palhoça chegou a decretar situação de emergência devido a um grande incêndio que atingiu o parque, consumindo 800 hectares de vegetação durante cerca de 36 horas.
Por conta do incêndio de quase quatro anos atrás, autoridades de Santa Catarina reunidas pela Defesa Civil estadual têm, desde então, um plano de contingência da Baixada do Maciambú justamente para lidar com eventuais novos casos, com a organização de uma primeira resposta.
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O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro é a maior unidade de conservação de proteção integral de Santa Catarina. Ele foi criado em 1975, com o objetivo de proteger a biodiversidade da região e os mananciais hídricos que abastecem a Grande Florianópolis e o Sul Catarinense.
A unidade é administrada pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), órgão com o qual a reportagem fez contato, mas ainda aguarda eventual posicionamento. Antes de consolidar um parecer, ele esperava receber dados da PMA e do CBMSC.
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