O rancho de pesca Aparício do Deca, no canto Sul da praia do Campeche, em Florianópolis, foi tomado pelas chamas às 23h30min de sábado. Estrutura, duas canoas feitas com madeira da tradicional árvore garapuvu (símbolo da capital catarinense), âncoras, redes e coletes salva-vidas foram totalmente destruídos – os pescadores somam um prejuízo de cerca de R$ 100 mil. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de incêndio criminoso e deve iniciar a investigação nesta segunda-feira.

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Rancho centenário, de valor histórico para cultura açoriana, é incendiado no Campeche

– Arrancaram o meu coração. Um pedaço de mim foi embora – lamenta Sidnei Inácio, um dos pescadores mais tradicionais da praia, enquanto é consolado por amigos ao ver o que restou do barracão depois do incêndio.

O rancho pertence à família Inácio há três gerações. No local, pescadores e moradores da comunidade se encontravam para conversar, jogar dominó e assar peixe. Nathanael Inácio manifestou revolta frente ao prejuízo à cultura açoriana pelas redes sociais:

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– Eu não consigo entender como alguém pode ter coragem de fazer isso, destruir um rancho de pesca artesanal, onde ajudava a manter nossa cultura, que na época da tainha ajuda a sustentar muitas famílias… – escreveu.

As duas embarcações e mais uma rede foram usadas na última temporada de tainha e responsáveis pelo cerco de quatro mil peixes.

Desavença pode ter motivado crime

O pescador Sidnei Inácio, um dos responsáveis pelo rancho, registrou boletim de ocorrência na 2ª Delegacia de Polícia Civil, no Saco dos Limões, na manhã deste domingo. A vítima acredita que o incêndio tenha sido criminoso – hipótese também validada pela investigação policial – e tem pistas de quem tenha sido o responsável.

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Segundo consta no BO, o responsável pelo crime teria utilizado gasolina para atear fogo no rancho. Ele teria sido visto comprando o combustível horas antes. Ainda conforme o relato de Sidnei à Polícia Civil, o autor do crime é conhecido na região e tem desavenças com pescadores do barracão Aparício do Deca.

A família Inácio possui outro rancho próximo ao espaço onde restaram somente cinzas.

*Colaborou Guto Kuerten