O chorinho de criança pequena ao fundo da ligação denuncia que o designer Diogo Barbieri se tornou pai. Cuidando do filho Otto na tarde de sexta-feira, ele lembra bem o que estava fazendo no final do dia 20 de agosto de 2014. Do seu escritório, no 13º andar do Edifício Catarinense, ele registrava o Frohsinn em chamas – foto que foi capa do Santa na edição de 21 de agosto daquele ano.

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– Estava trabalhando e de repente ouvi um barulho muito forte e as pessoas gritando “tá pegando fogo!”. Fui para a janela e vi as chamas já bem altas. Foi aí que eu fiz a foto – recorda.

Passados dois anos a vida de Diogo mudou com a paternidade, mas a paisagem que vê enquanto trabalha ainda é a de um esqueleto de madeira incrustado no Morro do Aipim, bem diferente da antiga imagem que faz parte de tantas memórias sentimentais de Blumenau e seus moradores. Depois do fogo, a espera se tornou o inimigo do antigo restaurante, inaugurado na década de 1960 e que já não funcionava desde outubro de 2012.

Na época do incêndio a prefeitura, que tinha recebido o imóvel de volta por uma determinação judicial, cogitava vendê-lo. Hoje, depois de a reconstrução começar e ser abandonada pela construtora responsável, a expectativa do município é ver o prédio pronto entre o final deste ano e o começo de 2017.

Via dispensa de licitação, a construtora Regente foi selecionada para assumir os trabalhos e, finalmente, deixar o Frohsinn pronto. A prefeitura diz que o contrato deve ser assinado nos próximos dias. Depois do início das obras, a expectativa do município e da empreiteira é concluir tudo em 120 dias. O investimento é de R$ 316,8 mil.

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– Vamos analisar a estrutura atual, mas em uma primeira avaliação que fizemos não constatamos danos à estrutura. Eventualmente uma peça ou outra vai ser substituída, mas não é nada que possa prejudicar a obra. Estou ansioso para começarmos, a cidade sente saudades do Frohsinn – explica o dono da construtura, Hamilton Rodolfo Bernert.

Concessão nos moldes do Biergarten

Na secretaria de Turismo, Ricardo Stodieck diz que a demora para concluir a reconstrução do prédio fez com que muitos interessados que procuravam o município para discutir propostas para o espaço sumissem. Ele acredita que a retomada dos trabalhos no Morro do Aipim ajude a trazê-los de volta:

– Essa espera toda, com a primeira construtora abandonando tudo, e depois a situação econômica do país fez com que os empresários recuassem.

A intenção da prefeitura é de que, depois de pronto, o Frohsinn seja concedido à iniciativa privada nos mesmos moldes que o Biergarten – administrado pelo restaurante Thapyoka desde abril do ano passado.

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– Nós queremos manter a tradição do Frohsinn e o cardápio terá que ser de pratos típicos da culinária germânica, com algumas variações. Não pode ser uma pizzaria, uma churrascaria. A gente sabe que o modelo do Biergarten funcionou bem e é assim que vamos fazer no Morro do Aipim também – conclui.

HISTÓRICO

1968: Começa a construção do imóvel. O restaurante é inaugurado um ano depois.

2003: Prefeitura lança edital para a ocupação do espaço. Uma das cláusulas determina que o locatário não pagaria o aluguel se calçasse a Rua Gertrud Sierich (Morro do Aipim).

2004: Em fevereiro, inicia a exploração do espaço.

2009: Prefeitura faz notificação extrajudicial, pois concessionária não cumpre com a compensação do calçamento.

2010: Em julho, como não ocorre a desocupação, e prefeitura entra com um pedido de reintegração de posse na Justiça.

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2012: O restaurante é fechado em outubro.

2013: Em agosto a Justiça determina que prédio volte à prefeitura.

2014: Em janeiro a prefeitura manifesta interesse em vender o imóvel que abrigou o restaurante Frohsinn. Sete meses depois, um incêndio destrói o lugar.

2015: Depois de a seguradora pagar parte da indenização pelo incêndio, a licitação da reforma é aberta em fevereiro. A obra começa em junho e a previsão de conclusão era dezembro.

2016: A empresa responsável abandona a obra em fevereiro. Seis meses depois, a prefeitura está prestes a assinar um novo contrato, feito por dispensa de licitação, com a construtora Regente.