Cheiro de pinheiro queimado. Esse é o novo inimigo dos barra-sulenses nos últimos quatro dias. O incêndio atingiu o equivalente a 84 campos de futebol da área de plantação de pinheiros do bairro Salinas em Barra do Sul. Até o momento foram gastos 210 mil litros de água pelos bombeiros voluntários e militares de Barra do Sul e Região para combater o fogo.
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Segundo Júlio Savadil, de 59 anos, que mora em frente ao terreno atingido pelo fogo, o incêndio começou na última sexta-feira por volta das 13 horas. As chamas foram combatidas pelos bombeiros voluntários de Barra do Sul na mesma hora, mas à noite ele reascendeu e foi combatido em seguida. Na tarde de domingo, aproximadamente às 14 horas, o fogo começou novamente e se alastrou para a região ao redor do terreno.
O local atingido são formados por pinheiros da espécie pinus, o que piora a situação devido à facilidade de o fogo se espalhar. Isso porque, a árvore tem raízes grossas, o que pode deixar fogo na parte subterrânea e, com o vento, pode ser reascendido. O Corpo de Bombeiros solicitou ainda no domingo ajuda aos bombeiros voluntários e militares das regiões próximas, como Itajaí, São Francisco do Sul, Araquari e Joinville. Desde então, os bombeiros têm permanecido no local para tentar conter o incêndio.
Mapa mostra área isolada por causa do incêndio de grandes proporções
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De acordo com o tenente Marcelo Della Giustina da Silva do Corpo de Bombeiros Militar de São Francisco do Sul, a estratégia é isolar a vegetação que ainda não foi atingida. Como a área de vegetação de pinheiros é grande, a ação utilizada é de isolamento mecânico feito por meio de escavadeiras que retiram a vegetação entre os pinheiros queimados e a área não atingida. Mas isso não garante o isolamento completo da área, já que com o vento forte e os pinheiros altos facilitam alguma faísca propagar o fogo.
A área afetada é monitorada constantemente pelos bombeiros para evitar que o fogo se ascenda e, se caso isso aconteça, possa ser apagado em seguida.
– Esperamos que ocorra uma chuva forte, é a única garantia de conter totalmente o fogo nesta parte subterrânea – explica o tenente.
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As casas do bairro Salinas permanecem fechadas desde domingo, como a residência do aposentado Antônio Pereira, de 62 anos. Morador há seis anos na Barra do Sul, ele não tinha presenciado um incêndio de tamanha proporção até então.
O morador está preocupado por morar em uma casa de madeira próxima à área atingida pelo fogo. O que separa a residência do terreno queimado é uma rua e um terreno de reflorestamento ambiental que fica na frente. Antônio reclama da fumaça frequente e por dormir pouco devido a preocupação de que sua casa pegue fogo. Hoje, ele acordou pela manhã e não conseguiu enxergar nada além de fumaça.
– A minha sorte é que o vento que está para o lado oposto da minha casa – desabafa.
Trabalho incansável
Felipe Fedechen, de 20 anos, é bombeiro voluntário de Barra do Sul há cinco anos e conta que o desejo de ajudar as pessoas o fez decidir ser voluntário. Ele diz que está em serviço contra o incêndio desde domingo sem descanso e torce para que chova logo. O bombeiro se orgulha de poder ajudar nesta situação.
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– Estou aqui para ajudar, me sinto útil assim – afirma.
Já Mário Cesar Lisboa de 33 anos, trabalha como bombeiro voluntário de Barra do Sul há 14 anos e conta que nesses anos ainda não tinha presenciado um incêndio desta proporção. Ele diz que já estava alerta para um incêndio ou outro, devido a seca do tempo nesta época do ano.
– Neste bairro, costumamos conter princípios de fogo ao longo do ano – diz.
Base improvisada
Rádio de comunicação, notebooks, mapas, uma mesa e bombeiros. A casa do morador Júlio Savaldi virou uma base improvisada para os bombeiros voluntários e militares de Barra do Sul e Região. A residência que fica na frente do terreno que pegou fogo desde o início na última sexta-feira se transformou na base dos bombeiros desde domingo.
Ao todo são trinta bombeiros que fazem refeição e trabalham na residência do morador. Júlio se orgulha por ajudar, comenta que não pode fazer parte de forma prática devido há uma cirurgia na perna que o deixou manco, então, se contenta em ceder a casa. Ele comenta que também é uma forma de não se sentir sozinho, já que mora sozinho.
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– É uma forma de ficar atualizado com as novidades do incêndio e também conhecer pessoas – diz.