Um incêndio de grandes proporções atingiu o Hospital de Caridade de São Francisco do Sul na madrugada desta segunda-feira. Durante quase três horas e meia, 20 homens do Corpo de Bombeiros Voluntários da cidade combateram as chamas que tiveram início no setor de recursos humanos e arquivo do hospital. Cerca de 30 mil litros de água foram usados para apagar o fogo. No local, havia documentos históricos, certidões de nascimento, roupas de cama, material cirúrgico e cadeiras.
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A origem do fogo ainda é desconhecida, mas se sabe que o prédio não tinha ligação à rede de energia elétrica. No momento, o que mais preocupa os representantes da Venerável Ordem Terceira, instituição que administra o hospital, é fazer a retirada do equipamento de raio X, que continua no prédio. Anderson Peretti, um dos membros da Ordem Terceira, informou que o equipamento não foi atingido pelo fogo e que a retirada será feita ainda nesta semana. Bombeiros e Defesa Civil também estiveram no local para verificar a questão de segurança.
– O que podemos dizer é que o raio X não pegou fogo. Estamos aguardando a resposta da Defesa Civil, mas tudo indica que não há motivos para se preocupar – disse Luís Carlos de Brito, comandante interino dos bombeiros voluntários de São Francisco.
Nesta segunda-feira à tarde, sinais de fumaça eram vistos no telhado do prédio. Uma equipe de bombeiros retornou ao local no fim da tarde para dissipar novos focos de incêndio.Um técnico do IGP também esteve no prédio incendiado para recolher provas, tirar fotos e fazer um levantamento detalhado do sinistro. Pelo que foi apurado preliminarmente, houve, sim, uma invasão por uma janela lateral da capela do hospital. Pelo menos três vidraças foram quebradas, e um pedaço de madeira que a protegia por dentro, arrancado. A suspeita é de que alguém entrou por ali.
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Marcas de chinelos também foram identificadas no estofado de algumas cadeiras. O resultado da perícia deve sair em duas semanas.
– É claro que temos de aguardar a investigação, mas para mim não resta dúvida de que foi proposital. Há indícios para isso – afirmou o presidente da Ordem Terceira, Salvador Luiz Gomes, o Dodô.
Reunião com a Prefeitura e o MP discute futuro do Caridade
Com o incêndio, o prédio desativado há cinco anos retarda mais uma vez as chances de ganhar um novo destino. Desde que as atividades foram suspensas, em 30 de setembro de 2012, o futuro da unidade ficou indefinido. Com dívidas de aproximadamente R$ 8 milhões, a Venerável Ordem Terceira busca um acordo com a Prefeitura e o Ministério Público para que o prédio possa ser utilizado novamente para outros fins.
A primeira meta é fazer com que a ação que bloqueia os bens da instituição e impede o acesso aos recursos em caixa para a quitação das dívidas fiscais e trabalhistas seja derrubada. Uma reunião com a Prefeitura e o Ministério Público, amanhã à tarde, pode ser o primeiro passo para se encontrar uma solução.
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Conforme o presidente da Venerável Ordem Terceira, Salvador Luiz Gomes, o Dodô, o restauro do prédio de 102 anos de idade permitiria a transferência de órgãos públicos para o local, dando uma nova ocupação à área que hoje é constantemente alvo de vândalos. Dodô entende que se a ação judicial for retirada, o prédio poderá ser reformado e alugado, gerando ativos para a instituição.
– Nós não queremos ganhar dinheiro, como muitos dizem. Esse espaço que pegou fogo era o que estava em melhores condições para alugar. Pensamos em trazer clínicas médicas para cá, mas, para isso acontecer, dependemos do apoio da Prefeitura e da comunidade – destacou Dodô
O incêndio de ontem comprometeu apenas uma parte do prédio. Não foi dimensionado o tamanho da área destruída, mas a antiga maternidade e a capela foram totalmente preservadas.
Confira imagens do local:
Bombeiros controlam incêndio no Hospital da Caridade em São Francisco do Sul