Apesar de entrar em campo contra o Figueirense pouco mais de 24h depois de vestir a camisa da Seleção Brasileira, Neymar não demonstrou sentir cansaço. Talvez por causa do físico invejável do craque ou pela alegria em estar junto dos amigos dançarinos que encantaram o Brasil em 2010: Ganso e André.

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Alvo das câmeras, o camisa 11 do Peixe não passa despercebido. Ele é o destaque onde quer que vá, e tem consciência disso. Antes da bola rolar, o close mais demorado foi nele, enquanto estava postado para o hino, no final da fila. Conhecido pela irreverência, Neymar também é ousado na hora de se vestir. A chuteira, com detalhes em rosa, pouco combina com o uniforme azul da equipe paulista. Nos pulsos, esparadrapos, e, no nariz, uma bandagem para respirar melhor.

Se antes Neymar ficava quase restrito à faixa esquerda do campo, o período treinando com Mano Menezes trouxe mais movimentação ao atacante, que também é responsável pela cobrança das bolas paradas. Quando o lateral Juan foi expulso, aos 9 minutos do primeiro tempo, deixando o Peixe com um a menos, Neymar precisou correr ainda mais. Sem receber a bola no início da partida, o craque teve que buscar o jogo no seu campo defensivo. E nem lá escapou da forte marcação: quando dominou a bola, levou uma pancada forte de Aloisio. O suficiente para esbravejar, olhar para o adversário com cara feia e trocar alguns xingamentos.

O volante Claudinei, do Figueirense, lembrou os mais entusiasmados fãs de Neymar. Sem tirar os olhos do santista, o Alvinegro tornou-se o reflexo do atacante, acompanhando todos os seus movimentos. A forte marcação funcionou e, somente aos 23 minutos da primeira etapa, Neymar teve um pouco de espaço para dominar a bola. Bastou para fazer Claudinei dançar e chegar à linha de fundo. Porém o cruzamento foi fraco, nas mãos de Wilson.

Aos 28 minutos, quando Gérson Magrão, que entrou no lugar de Patito Rodríguez para recompor a defesa santista, chegou à linha de fundo e cruzou para a área, Neymar não esperava que Guilherme Santos, que o marcava, escorregasse. Ele recebeu a bola sozinho e, de frente para Wilson, fez o mais difícil. Bateu mal na bola, que saiu fraca, longe do gol do goleiro Alvinegro. A vaia foi inevitável. Dois minutos mais tarde, em um dos poucos momentos sem Claudinei como seu guardião, Neymar avançou pela esquerda. O experiente Túlio, desgovernado, aplicou uma tesoura no camisa 11 e foi expulso. Caído no chão, o santista também mostrou que sabe representar. Com a mão no tornozelo, esperneou e, poucos segundos depois, levantou-se, deixando as dores milagrosamente para trás.

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Com o primeiro tempo empatado, Neymar conseguiu chamar a atenção, como na sua chegada a Florianópolis, só que dessa vez por um gol perdido.

Logo no início da segunda etapa, acostumado a ser protagonista, o santista virou espectador. Aos dois minutos, Aloisio, pelo lado de campo em que Neymar gosta de jogar, o esquerdo, gingou e cruzou na medida para Fernandes abrir o placar. O problema é que o craque gosta de ser notícia. Três minutos mais tarde, em uma bela arrancada pelo meio e em um chute cheio de ousadia, o camisa 11 empatou a partida, com um belo gol. Para comemorar, matou a saudade do “parceiro” André e voltou a dançar. O ritmo, como seu figurino, foi de gosto duvidoso.

Apesar do gol, Neymar sumiu em campo. Nas poucas jogadas que participou, brigou sem sucesso com a marcação. Nesse período, seu maior feito foi conseguir um cartão amarelo para o volante Jackson, do Figueirense. Mas aos 24 minutos do segundo tempo, em jogada semelhante a do gol, o santista preferiu o passe. Bola na medida para Miralles, que entrou no lugar do amigo André, mas bateu em cima do goleiro Wilson. Talvez tivesse sido fominha e batido direto a sorte fosse diferente.

Neymar já assumiu ser fã de Robinho e disse que aprendeu muito com o rei das pedaladas. Mas como destaque do Santos, ele parece também ter assumido o papel de professor. E o lateral Bruno Peres aprendeu direitinho. Aos 31 minutos, costurando da direita para o meio, o jogador ficou de frente com Wilson e, de perna esquerda, anotou um belo gol. Na comemoração, Neymar abraçou o aluno e foi celebrar com a torcida paulista.

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Gastar quase R$ 600 mil para trazer Neymar da Suécia tinha que valer a pena. E o craque fez questão de dar o retorno. Mais rápido que a linha de impedimento da zaga do Figueirense, o camisa 11 recebeu o passe de Miralles. De frente com Wilson, podia ter chutado, mas preferiu dar o passe para Ganso, que vive um momento conturbado no Santos. Sem goleiro, o meia só completou para o fundo das redes.

E assim foi Neymar: chegou de jatinho e, com fôlego que parece não acabar, decidiu o jogo. Agora, merecidamente, vai usar a disposição que resta para curtir Florianópolis.