Com muito esforço, trabalho, você consegue construir uma casa. Leva-se anos, é verdade. Há que se enfrentar uma série de empecilhos no meio do caminho: falta de grana, uma ou outra incomodação com os pedreiros. No fim das contas dá tudo certo. Para comemorar a conquista, você chama seus amigos, parentes, e faz uma festa com comes e bebes para apresentar o novo lar. Mas tem um problema: a casa não tem porta. Ninguém consegue entrar nela e, muito menos, usufruir do conforto que oferece – e, portanto, sua estrutura torna-se completamente inútil, ociosa, cuja bufunfa investida fica parada sem servir para absolutamente nada.

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Inauguradas antes mesmo de estarem prontas, as pontes do Vale, em Gaspar, e do Warnow, em Indaial, hoje são como a casa no início do texto: não servem para nada. Na primeira, falta terminar a iluminação, passeios, rótula da cabeceira situada na margem direita do rio, pavimentação da alça de acesso e, por último, a sinalização. Na segunda, ainda é preciso instalar iluminação, fazer as alças e pavimentação do acesso – um investimento de mais R$ 6,8 milhões além dos R$ 16 milhões – oriundos do Estado – já utilizados na obra.

“Um elefante branco

no meio da cidade”

No caso da ponte indaialense, os raros momentos em que ela foi aberta para a passagem de veículos geraram reações entre o Rio Morto e o Warnow. Era comum ver gente fazendo selfies, caronas de veículos filmando a passagem e ciclistas fazendo passeios alternativos. Hoje nem para turismo ela serve mais, já que por questões de segurança a estrutura foi fechada no dia 2 janeiro.

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Outro problema no caso de Indaial – cuja empreitada é chamada de “Terceira Ponte” pela comunidade – é que, diferentemente de Gaspar, não há recursos assegurados para a construção, o que põe um grande ponto de interrogação quanto à data em que ela será reaberta. Como toda a verba na obra veio do governo estadual, um alinhamento entre as secretarias de Planejamento e Infraestrutura é essencial para que o serviço recomece.

– Precisamos que o Estado adapte o planejamento para liberar os recursos. Embora seja uma obra importante, ela não pode ser utilizada e torna-se um elefante branco no meio da cidade – pondera André Moser, prefeito de Indaial.

Atraso motivado

por pendência

Em Gaspar, a Ponte do Vale foi interditada em 11 de janeiro e a previsão era de que 25 dias depois fosse reaberta para que a obra tivesse continuidade mesmo com a estrutura aberta para o tráfego. Uma recomendação do Ministério Público (MPSC), porém, forçou a prefeitura a tocar o serviço por completo. Após isso, uma pendência do município com a empreiteira, que girava em R$ 1,5 milhão, barrou a retomada dos trabalhos. Foram 35 dias entre a data em que a ponte foi fechada até o momento em que todos os problemas burocráticos foram resolvidos, quarta-feira da semana passada.

Em Gaspar, Ponte do Vale está fechada desde o dia 11 de janeiro. (Patrick Rodrigues)

Não há motivo para postergar a obra, já que todos os problemas já foram resolvidos. E tem outra: somos obrigados a entregar a ponte em março, por ser aniversário da cidade. É uma determinação do prefeito – afirma Alexandre Gevaerd, secretário de Planejamento Urbano de Gaspar.

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PONTE DO WARNOW, EM INDAIAL

Quanto falta:

? R$ 6,8 milhões

O que falta:

? Instalar iluminação

? Construção das alças de acesso

? Pavimentar as vias de acesso

? Instalar a sinalização vertical e horizontal

Quando será entregue:

? Não há previsão

PONTE DO VALE, EM GASPAR

Quanto falta:

? R$ 1,5 milhão*

O que falta:

? Finalizar instalação da iluminação

? Finalizar a construção dos passeios na ponte

? Construir a rótula da cabeceira da margem direita

? Pavimentar a alça de acesso

? Instalar a sinalização vertical e horizontal

Quando será entregue:

? 31 de março