O trecho na região do Km 40 da BR-470, em Gaspar, poderia ser considerado um bom pedaço de chão da tão castigada rodovia federal: uma reta, com asfalto em boas condições e acostamentos dos dois lados da via. Mas o trecho se torna perigoso com as manobras arriscadas e a alta velocidade dos veículos que trafegam pelo local. O resultado são 16 mortes ocorridas nos últimos 10 anos entre os quilômetros 40 e 42.
Continua depois da publicidade
::: Paciência e sinalização adequada reduziriam acidentes na BR-470, dizem especialistas
::: Lote 2 da BR-470 é o que está com obras mais adiantadas na região
A reportagem observou durante uma hora a movimentação no trecho ontem à tarde. Em poucos minutos foi possível verificar uma série de ações que colocaram a vida de motoristas e pedestres em risco. No trecho há dois restaurantes que ficam no sentido Vale-Litoral e possuem área de estacionamento com britas dos dois lados da rodovia. Há também algumas residências.
Algumas situações são comuns e registradas com mais frequência. Caminhoneiros que seguem pelo sentido Litoral-Vale estacionam do mesmo lado e preferem cruzar a via correndo entre os veículos. O risco se repete no final do almoço, quando voltam para os veículos. Motoristas com carros menores preferem estacionar no lado onde ficam os estabelecimentos e, por isso, atravessam a rodovia com os veículos.
Continua depois da publicidade
A maioria apenas reduz a velocidade, aciona o pisca-alerta e atravessa a pista. Em uma hora, apenas três motoristas de carros pequenos aguardaram no acostamento antes de atravessar as duas pistas. O aposentado Alventino Carvalho, 77 anos, mora em frente ao Km 41 há 55 anos _ antes da BR-470 existir, como ele mesmo diz __ e testemunha infrações todos os dias:
_ As pessoas cruzam muito aqui e também andam rápido, não obedecem nada, principalmente os jovens. Já perdi as contas de quanta gente morreu. A gente tem uma rocinha lá do outro lado (da rodovia) e já fiquei esperando até 20 minutos pra conseguir atravessar aqui.
A velocidade também assusta a atendente Sheila Aparecida de Oliveira Macedo, 17, que trabalha em um dos restaurantes. Para ela os motoristas se arriscam muito correndo no trecho, principalmente os motociclistas.
_ Eles (motociclistas), passam muito rápido mesmo, às vezes até assusta. Mas a polícia também sempre passa fiscalizando, a gente vê bastante _ conta.
Continua depois da publicidade