A construção dos quatro pilares de sustentação da Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, foi retomada em abril deste ano, mas já está fora do cronograma. As estruturas que segurarão o cartão-postal em uma futura restauração fazem parte da etapa chamada Ponte Segura. A obra é de responsabilidade da empresa Empa – da portuguesa Teixeira Duarte – sob supervisão do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra)

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Presidente do Crea-SC: “Acreditamos na recuperação da ponte”

O contrato entre o governo de SC e a companhia prevê pagamento mediante produtividade. O valor total é de R$ 10,3 milhões pela obra com prazo de 180 dias. As parcelas são depositadas mensalmente, contando desde maio, de acordo com o peso de material recebido e estruturado, sobretudo tubos e vigas metálicas e madeira. Cada quilo de material fornecido vale R$ 14,19, e o mesmo peso de material montado nos pilares vale R$ 18,66.

Quatro obstáculos que cercam a restauração da Hercílio Luz

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O cronograma inicial previa que a Empa recebesse R$ 425 mil em maio e mais R$ 2,2 milhões em junho, chegando ao acumulado de R$ 2,6 milhões no período. Mas no cálculo real a empresa deve receber até o fim de junho R$ 763 mil, ou seja, 27% do previsto no período. Tendo como referência a conclusão da estrutura, a previsão inicial representaria cerca de 25% da obra, enquanto que o trabalho real foi de 7%.

De acordo com engenheiros da Empa e do Deinfra, mergulhadores tiveram que trocar parafusos corroídos nos dois pilares menores. Além disso, em dias de vento forte, os trabalhadores não podem usar as balsas no mar para atuar nas estruturas. E quando chove, os soldadores ficam impedidos de mexer nas vigas e nos tubos metálicos. Segundo um executivo da Empa, o tempo instável prejudicou ao menos 15 dias de trabalho.

O presidente do Deinfra, Wanderley Dagostini, admite que a obra sofreu um atraso no começo, mas garante o cronograma:

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– O prazo é apertado, mas como ele foi feito em emergência, é isso que a lei prevê, não pode ser prorrogado. Tem que ser cumprido.

Membros da equipe garantem que as camadas finais dos dois pilares estão em estágio avançado e serão encaixadas em julho.

Acerto com americanos ainda está em aberto

A etapa chamada de Ponte Segura é uma fase intermediária para a restauração e uma segurança (física e jurídica) para o patrimônio histórico. Ela foi iniciada em 2012 pelo Consórcio Florianópolis Monumento, liderado pela construtora Espaço Aberto, que alcançou 30% de montagem das estruturas, mas a obra ficou parada por oito meses depois de o governo rescindir contrato com as empresas em agosto de 2014. Os trabalhos foram retomados com a Empa, em abril deste ano.

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Mesmo se esta etapa for finalizada a tempo, ainda resta saber se a American Bridge irá ou não apresentar um orçamento para a restauração completa da ponte. Os americanos estão sendo sondados pelo governo catarinense desde fevereiro por terem sido os mesmos a construir a Hercílio Luz na década de 1920. O governador Raimundo Colombo já anunciou que tem uma reserva de R$ 130 milhões, emprestados do BNDES, para o possível contrato. Se o preço da empresa será compatível, também é uma incógnita.

Especialistas da American Bridge fizeram até agora quatro visitas à ponte para análise e tomada de fotografias. Em abril, o vice-presidente da empresa, Michale Cegelis, esteve em Santa Catarina e disse que apresentaria uma proposta dentro de 60 dias. Findo este primeiro prazo (por eles estabelecido), os americanos comunicaram que até agosto darão uma resposta ao governo.

A questão é que a estrutura de sustentação sofre desgaste e, se houver um longo intervalo entre a conclusão e o início da recuperação, os cofres públicos poderão arcar com os custos não só da manutenção da ponte, mas também da conservação de uma estrutura de sustentação em desuso.

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