Em um depoimento que durou cerca de uma hora, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, confirmou ter sofrido importunação sexual do ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Ela informou à Polícia Federal (PF) que os episódios começaram antes mesmo da posse do presidente Lula (PT), ainda em 2022. As informações são do jornal O Globo.

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Almeida e Franco participaram da transição do governo Lula, e ambos foram indicados pelo presidente. O ex-ministro foi demitido no dia 6 de setembro, após denúncias da ONG Me Too Brasil, que afirmou ter recebido relatos contra o então integrante do governo. O caso foi revelado pelo portal Metrópoles.

Procurada pelo O Globo, a defesa de Silvio Almeida disse que não se manifestará e que aguarda habilitação para ter acesso à investigação.

Novo protocolo da PF

Os depoimentos do caso estão sendo colhidos pela PF em um novo protocolo, com objetivo de preservar as denunciantes, para que elas não precisem relatar o que viveram diversas vezes ao longo do processo. Os depoimentos colhidos agora serão considerados definitivos e valerão também na fase processual, caso a denúncia seja aceita pela Justiça.

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Sucessão

Após a demissão de Silvio Almeida, a nova titular dos Direitos Humanos indicada foi Macaé Evaristo. A nova ministra disse, em entrevista ao Globo, que quer criar novos mecanismos para que casos assim não se repitam. Ela afirmou ainda que o ministério encaminhou as “apurações devidas” do caso.

Em nota após Almeida deixar o cargo, Anielle pediu respeito à privacidade. Ela afirmou ainda que “não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência”.

“Mão boba” e sussurros

Em depoimento detalhado aos ministros Vinícius Marques de Carvalho, da Controladoria-Geral da União; Jorge Messias, da Advocacia-­Geral da União; Cida Gonçalves, ministra das Mulheres, Anielle Franco relatou a situação de assédio que teria vivenciado com Silvio Almeida. Os detalhes foram revelados pela revista Veja.

Na fala aos colegas, Anielle contou que a relação com Almeida começou amigável, afinal, os dois tinham pautas em comum dentro do governo. Ambos foram anunciados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no mesmo dia para as respectivas pastas.

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Eles teriam se aproximado, conforme a reportagem da Veja, após a posse. As conversas, no entanto, que começaram descontraídas e amigáveis, logo se tornaram investidas com teor sexual. Eram olhares, “elogios” inconvenientes, e sussurros de fantasias eróticas. Em um jantar, ele teria chegado a colocar a mão entre as pernas da ministra.

Para tentar “afinar os ponteiros”, eles combinaram um jantar. A tentativa era de colocar um fim à situação, que neste ponto já havia se tornado “insustentável” e chegado aos ouvidos de outros ministros. Anielle queria evitar que o caso se tornasse um escândalo.

O jantar foi cordial, mas a ministra relatou que, ao saírem do restaurante, Almeida se aproximou dela e sussurrou um “desejo”.

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