Mesmo com o cenário de derrota já “instalado no governo”, o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, segue o trabalho de defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff. Nesta segunda-feira, em entrevista à NBR, a TV do governo federal, Cardozo reforçou que a presidente não cometeu crime, que os argumentos do processo de impeachment são “pretextos” para afastá-la e que jamais o episódio ficará livre da mancha de ter sido implementado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
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— O impeachment tem um pecado original do qual jamais vai se libertar; foi uma decisão ilegal e uma vingança de Cunha — afirmou Cardozo, referindo-se ao fato do peemedebista abrir o processo após não conseguir votos do PT para barrar o processo contra ele no Conselho de Ética.
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Cardozo reforçou ainda o discurso de Dilma e lembrou que os decretos de suplementação orçamentária pelos quais a petista é acusada de crime de responsabilidade também aconteceram na gestão tucana de Fernando Henrique Cardoso.
— O FHC passou 101 decretos com características absolutamente semelhantes da Dilma — disse.
Neste domingo, em evento pelo Dia do Trabalho, Dilma afirmou que para o tucano “não foi nenhum golpe nas contas públicas. Isso se chama ter dois pesos e duas medidas”.
O advogado-geral da União disse ainda que o Brasil consagrou o sistema do presidencialismo e que afastamento por questões políticas só podem acontecer diante “de fatos extremos e graves”.
— Não houve má-fé e não há nada ilegal — garantiu Cardozo. — Ninguém acusa a presidente de desviar dinheiro público.
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Para Cardozo, o processo de impeachment fere a Constituição e ameaça a democracia.
— É um desrespeito escancarado à Constituição — afirmou.