O impasse do governo federal sobre a tabela de frete no país criou uma tensão entre os empresários de Santa Catarina. Mesmo após Michel Temer, ter revogado o documento oficial que definia os valores para transporte de mercadorias, setores da economia catarinense permanecem reticentes e acreditam que a queda de braço entre caminhoneiros e o Palácio do Planalto pode prejudicar principalmente a população, que pagará mais caro sobre os produtos.

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Representantes de motoristas autônomos e representantes da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) estão reunidos desde o começo da manhã desta sexta-feira para tentar encontrar uma solução para o problema. Os motoristas entendem que o tabelamento dos valores do frete é algo que ajudará a ampliar os ganhos da categoria. Caso o governo não atenda aos anseios deles, uma nova paralisação pode ser convocada.

O governo, por outro lado, teme desagradar setores estratégicos da economia e que uma revogação completa da tabela de frentes desencadeie uma nova onda de manifestações pelas estradas do país prejudicando a frágil economia do país.

Glauco Côrte, presidente da Fiesc (Federação das Indústrias de Santa Catarina), defende suspender a política de tabelamento, pois acredita que não há precedentes positivos em nenhum país. Segundo o representante do empresariado catarinense, a livre concorrência e a retomada do fôlego econômico é a melhor solução para o impasse.

– Já houve essa experiência (tabelamento) tanto no Brasil quanto em outros locais e não deu certo. Isso seria um retrocesso frente ao livre mercado. O que o país precisa é voltar a crescer, pois assim voltará a ter competição e os caminhoneiros terão a oportunidade de prestar seus serviços que é essencial para a economia – afirmou o empresário.

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Na opinião de Cortê, o governo não poderia ter cedido a pressão dos caminhoneiros. O fato de ter publicado a tabela de preços do frete, uma exigência da categoria para o fim do protesto, colocou o planalto em um beco sem saída, sendo que de uma maneira ou de outra desagradará uma parcela do país.

Se o governo decidir manter a política de tabelar o frete, a Fiesc, assim como outras entidades empresariais do país, prometem judicializar o assunto, por meio de uma enxurrada de liminares ou uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal.

DISTRIBUIÇÃO COMPROMETIDA

Enquanto o assunto não é resolvido em Brasília, transportadores catarinenses estão apreensivos e preferem não escoar produtos, uma vez que a política de frete não está clara. Como o país, depende cerca de 45% do trabalho dos caminhoneiros autônomos empresários preferiram aguardar para então retomar a normalidade logística.

Ari Rabaiolli, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina, aposta na manutenção da tabela de frete, por pressão dos caminhoneiros. A consequência será sentida pelo consumidor:

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– O governo errou ao publicar a tabela colocando um preço bastante elevado para o frete. Eu entendo que agora não há margem para reduzir. Essa semana muitas mercadorias deixaram de ser coletadas, principalmente por empresas de grande porte, na esperança que esse impasse fosse resolvido – disse.

Até mesmo pessoas ligadas a alta cúpula do governo tem se manifestado contrário ao tabelamento do frete. Foi o caso do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

Em entrevista nesta sexta-feira à Rádio Bandeirantes, ele defendeu que a tabela de preços mínimos não é a melhor solução nem para os caminhoneiros e nem para a sociedade. Segundo ele, a medida foi tomada em um momento de crise e agora está sendo rediscutida .

O CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), autarquia federal que defende a livre concorrência do mercado, também se manifestou sobre o tema. O órgão afirmou que, do ponto de vista da concorrência, o estabelecimento de preços mínimos para o frete é ruim e anticompetitivo.

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