Uma reviravolta no comando do Pros pode mudar os rumos do partido nas eleições 2022 e ameaça a pré-candidatura a governador do defensor público Ralf Zimmer Júnior.
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Ralf, que ganhou notoriedade após apresentar o primeiro dos dois pedidos de impeachment contra o governador Carlos Moisés, vinha sendo apresentado nos últimos meses pelo partido como pré-candidato ao governo de SC.
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No entanto, uma decisão judicial proferida na semana passada mudou a presidência do partido no Estado. Jeferson da Rocha, que desde março liderava a comissão provisória do Pros em SC e vinha defendendo a candidatura de Ralf, precisou deixar o cargo e teve os atos suspensos por despacho da 5ª Vara Cível da Comarca de Florianópolis.
Com isso, o comando do partido voltou ao ex-presidente Euclides Pereira Neto, que já anunciou que não vai lançar Ralf Zimmer Júnior como candidato ao governo. Ele afirma que candidatura à majoritária exige estrutura e recursos que o Pros não dispõe, e avalia que a candidatura de Ralf Zimmer Júnior poderia atender a “alguma situação de candidato terceiro”, pelo fato de o defensor público ser crítico ao atual governador Moisés.
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Para entender o impasse no Pros, é preciso lembrar polêmicas que mudaram o comando do partido nacionalmente. Em janeiro deste ano, o diretório do Pros destituiu o então presidente Eurípedes Júnior (GO), sob acusação de uso indevido de recursos eleitorais. A partir de então, uma comissão provisória foi nomeada para conduzir as ações do partido.
Quem assumiu a presidência nacional do Pros foi Marcus Holanda, que estabeleceu comissões provisórias em alguns estados — um deles, Santa Catarina. Foi neste período que o grupo de Jeferson da Rocha e Ralf Zimmer Júnior assumiram o comando da legenda no Estado.
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Agora, o grupo liderado por Euclides, que presidia o diretório até o momento da destituição pela direção nacional, reivindica o direito de reaver o comando do partido.
Euclides defende que a decisão reverteu a intervenção do diretório nacional sobre o Pros de SC e manteve o mandato do diretório definitivo do partido, que segundo ele tem legitimidade por ter sido eleito em fevereiro para ficar na direção do partido até 2024.
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— Não tomaram zelo de identificar que em SC não era executiva provisória, era um diretório eletivo com prazo em vigência — defende Euclides.
Jeferson alega que a decisão favorável ao grupo de Euclides só foi proferida porque a notificação foi enviada a um endereço antigo do Pros nacional, impedindo que a direção do partido se manifestasse na ação. Ele defende que o diretório apontado como definitivo foi uma das ações feitas por Eurípedes Júnior enquanto presidia o partido, e que portanto seria mais um dos atos que teriam sido suspensos após a destituição de Eurípedes do Pros nacional.
Ele afirma que já foram apresentados dois recursos para tentar reverter a decisão e cita situações semelhantes ocorridas nos diretórios de Rio de Janeiro e Piauí, em que a comissão provisória teria sido mantida.
— O diretório permanente, definitivo aqui em SC, tem vício de origem. Quem autorizou a criação desse diretório foi o senhor Eurípedes (Júnior), que foi afastado por decisão da Justiça. E os atos que ele praticou desde a assunção do senhor Holanda à presidência estão absolutamente nulos, inexistentes — sustenta.
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O resultado deste impasse é que hoje o partido tem dois possíveis rumos para as eleições e duas convenções marcadas para o mesmo dia, 5 de agosto, em locais diferentes. A ala do ex-presidente Jeferson da Rocha publicou convocação para ato em Campos Novos, com lançamento da candidatura de Ralf Zimmer ao governo. O grupo liderado por Euclides anunciou convenção em São José, com homologação de cerca de 30 candidatos a deputado estadual, mas sem candidatura própria ao governo de SC.
Para esse segundo grupo, a posição do partido na disputa para governador seria definida apenas posteriormente, e conversas já estariam marcadas para discutir apoio com três candidaturas — as de Carlos Moisés (Republicanos), Esperidião Amin (PP) e Gean Loureiro (União Brasil).
A decisão final do rumo do Pros nas eleições de SC deve depender dessas conversas, e também de decisões da Justiça. Em SC, o Pros tem o sétimo menor número de filiados do Estado, com 1,2 mil membros até maio deste ano, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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