Os usuários do transporte coletivo de Blumenau se precaveram e, quem pôde, saiu de carro na manhã desta segunda-feira (10). O estado de greve deflagrado pelos trabalhadores da Blumob e a volta às aulas da rede privada causaram congestionamentos em vários pontos da cidade.

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O Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo de Blumenau (Sindetranscol) depende da negociação com a empresa concessionária para decidir se entra em greve ou não. Ari Germer, diretor da instituição, conta que a categoria percebeu uma queda no número de passageiros neste começo de manhã.

— Nosso propósito não é a greve, estamos abertos à negociação. Mas, se a Blumob não se manifestar, não descartamos parar — alerta.

Questionado sobre o aviso prévio à população em caso de paralisação, Ari explica que o estado de greve aprovado na quarta-feira (5) já atende esse pedido. A partir do anúncio, começou a contar o prazo mínimo de 72 horas para que paralisem as atividades.

Na semana passada, ao ser notificada da decisão dos funcionários, a Blumob emitiu um comunicado. Nele, declarou que a Justiça concedeu liminar que determina que o sindicato mantenha 90% do total de trabalhadores em atividade em qualquer dia da semana. O desrespeito à liminar pode implicar em multa diária ao sindicato de R$ 100 mil.

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Volta às aulas e novos semáforos

Junto à incerteza se haverá ônibus circulando durante todo o dia, a volta às aulas na rede privada também contribuiu para o trânsito intenso neste começo de semana. Segundo o Secretário Municipal de Trânsito e Transportes, Éder Boron, os agentes de trânsito estão nas ruas para monitorar os gargalos.

Alguns locais foram mais críticos que outros, como no bairro Velha (trechos das ruas General Osório e José Reuter) e Garcia (próximo à Sociedade Centenário). Nesses pontos em que há novas sinaleiras os técnicos avaliam ajustar o tempo semafórico para auxiliar na mobilidade.

Sobre a queda na quantidade de usuários do transporte coletivo nesta segunda, Boron explica que somente no final do dia a Seterb terá a planilha com a relação de quantas pessoas passaram pelas catracas.

Estado de greve

A declaração de estado de greve é o mais novo capítulo de uma negociação que já dura mais de três meses. A data-base para reajuste salarial da categoria venceu no último dia 1º de novembro, mas até agora não houve acordo entre os trabalhadores e a empresa Blumob, concessionária do transporte coletivo na cidade.

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A negociação chegou a ser feita com mediação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). No fim de novembro, motoristas e cobradores aprovaram em assembleia os termos apresentados no TRT pelo desembargador Roberto Luiz Guglielmetto.

O acordo previa reajuste de 2,55% no salário e no vale-alimentação, índice que corresponde à inflação dos últimos 12 meses segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — esse percentual inclusive já foi repassado às folhas de pagamento dos profissionais.

Dessa forma, a categoria abriu mão de pedir os 5% de aumento real que eram reivindicados antes de a negociação avançar para o tribunal. No entanto, em contrapartida aceitou a proposta que previa a manutenção das cláusulas sociais da atual convenção coletiva de motoristas e cobradores e a implantação de um Plano de Participação nos Resultados (PPR), um benefício novo para a categoria, mas que já existe em sistemas como o de Florianópolis.

A negociação no tribunal, no entanto, não avançou. O Sindetranscol alega que a empresa recusou a proposta, e desde então não houve mais rodadas de negociação.

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Segundo o sindicato, os pontos da proposta que têm gerado mais dificuldade seriam o aumento real ou a criação do plano de participação nos resultados, o aumento real no vale-alimentação, a mudança na nomenclatura da classe de cobrador para agente de bordo e a alteração da data-base de novembro para setembro.

Sem avanço na negociação desde o fim de novembro, a categoria decidiu aprovar o estado de greve, que costuma ser um prenúncio para paralisações no transporte coletivo durante as negociações salariais.

Aumento na tarifa

Conforme a Blumob, apesar das reuniões no TRT, o acordo não foi possível por causa das exigências. A empresa garante que nenhum benefício já conquistado pelos trabalhadores será retirado.

Porém, sinaliza que atender o pedido dos trabalhadores pode impactar no aumento da tarifa. “Considerando que os pagantes do transporte público são exclusivamente aqueles que sustentam todos os custos, não há como tomar decisões movidas por desejos que não se sustentam e por pressões sem argumentações”, disse em nota.

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A empresa reforça que atendeu a recomendação do TRT e corrigiu salários e benefícios em 2,55% desde o dia 1º de novembro de 2019 (o equivalente ao INPC acumulado em 12 meses).

O dissídio coletivo foi proposto junto à Justiça e, tanto empresa quanto sindicato já se pronunciaram nos autos.