A busca do equilíbrio entre progresso e preservação ambiental, o dilema qualidade de vida da população local e infraestrutura para crescimento econômicos estão presentes na usina Foz do Chapecó, construída na fronteira entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A obra custou R$ 2 bilhões, mas não entrou em funcionamento porque a Justiça pediu novos estudos ambientais.
Continua depois da publicidade
Não há previsão para o assunto ser decidido. O caso será avaliado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre (RS). A disputa é discutida desde setembro do ano passado. Chamados para uma reunião no Ministério Público Federal (MPF), representantes da Foz de Chapecó e da Associação Amigos do Rio Uruguai (AARU) não se entenderam.
Os pontos de divergência são a construção de uma canal para os peixes conseguirem passar pela barragem, o aumento da vazão no rio e a retirada da vegetação onde ficará o lago.
O biólogo da AARU, Gelson Lemes de Campos, diz que as três mudanças são importantes para manter a quantidade de espécies no rio, evitar poluição, preservar a qualidade de vida das três cidades catarinenses afetadas e evitar problemas econômicos para São Carlos.
Campos explica que o município arrecada bastante com o turismo e depois da hidrelétrica entrar em funcionamento restará apenas um filete d’água, impedindo a manutenção do negócio.
Continua depois da publicidade
A assessoria do MPF em Chapecó informou que ficou estabelecida vazão de 75 metros cúbicos. Cita que o valor foi definido com base no estudo do histórico entre 1.940 e 1.994. Foi escolhido o ano de menor volume de água e estipulado 75% da quantidade.
Laudos técnicos
A assessoria de imprensa da empresa informou que contratou os melhores técnicos do país para ajudar nas decisões. Garante ainda que as medidas foram aprovadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A Foz do Chapecó ressalta os benefícios que a obra traz para o Estado. Lembra que serão criados pelo menos sete mil postos de trabalho e houve arrecadação de R$ 16 milhões em impostos.
Também haverá pagamento de R$ 12 milhões em royaties para as cidades catarinenses e gaúchas (a água é captada em território catarinense e a energia reduzida no Rio Grande do Sul).
Continua depois da publicidade
Os repasses serão feitos nos primeiros 30 anos de operação da usina. Além disso, pelo menos 300 famílias sem propriedade ganharam um pedaço de terra.
Disputa judicial
– Em setembro de 2009 houve uma reunião MPF com a Associação Amigos do Rio Uruguai e representantes da empresa Foz do Chapecó. Não houve acordo e uma perícia foi encomendada pelo procurador.
– O laudo foi entregue em 3 de dezembro de 2009, defendendo a construção de um canal lateral para passagem dos peixes, retirada de toda vegetação da área do lago da represa e novo estudo sobre a vazão do rio após a barragem.
– O procurador entrou com uma ação civil pública em junho deste ano, pedindo que as recomendações da perícia fossem acatadas.
Continua depois da publicidade
– A Justiça Federal de Chapecó julgou o caso em 9 de julho e deu ganho de causa ao MPF. A Foz do Chapecó recorreu e pediu uma liminar Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.
– O pedido foi negado pela desembargadora Marina Vasques em 4 de agosto. Ela determinou que o caso seja analisado pelo colegiado do tribunal. Não há data para o julgamento.

Clique para ampliar a imagem