Sessenta casas são tombadas como patrimônio histórico e cultural de Jaraguá do Sul. Pela primeira vez, o edital do Fundo Municipal de Cultura contemplou 11 casas de uma só vez para iniciarem as obras de restauro. O valor do investimento é de pouco mais de R$ 480 mil e a verba deve ser liberada até 31 de maio. O objetivo é preservar as raízes jaraguaenses, segundo coordenador do patrimônio cultural, Egon Jagnow.

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Jagnow explica que neste ano conseguiu-se contemplar mais residências porque os outros projetos não tiveram inscritos. Para que o restauro de cada casa seja concluído, é necessário participar mais vezes do edital do Fundo de Cultura, pois o valor chega a R$ 45 mil.

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– Como são casas bem antigas, tombadas ou em processo de tombamento, elas não estão em um bom estado de conservação, por isso o dinheiro repassado não é suficiente para concluir todo o restauro – detalha Jagnow.

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Os proprietários das casas devem elaborar um projeto com auxílio de arquitetos para se inscrever no edital. Com ele, técnicos em patrimônio histórico analisam as residências que precisam destas reformas com mais urgência. Jagnow explica que, como as reformas são de restauração, são utilizadas técnicas e materiais que foram usados na época da construção.

– Não pode ser alterado nada nas casas. Se o chão era de madeira de lei, ele irá continuar sendo. Então, é complexo e caro restaurar uma residência antiga – enfatiza.

As obras aprovadas pelo edital de preservação do patrimônio histórico são fiscalizadas pela Fundação Cultural para que seja preservado o estilo original. A exigência vale para os imóveis recuperados com recursos próprios.

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Os proprietários têm dois meses para concluir a restauração. A data pode ser prorrogada se comprovados empecilhos para execução da obra.

A união de uma família

Em um clima bucólico, a conhecida casa de Eurides Silveira, em Nereu Ramos, está participando pela segunda vez do processo de restauração via Fundo de Cultura. A edificação, que já é uma senhora de 98 anos, teve o telhado e o reboco das paredes restaurados na primeira participação.

– A casa era do meu bisavô, Luiz Bagatolli, que veio da Itália e construiu com suas próprias mãos, em 1917. Depois, meu pai, Eurides Silveira, comprou a casa do meu bisavô, que era seu sogro – relembra uma das herdeiras, Eliane Silveira.

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Eliane conta que a família sempre tentou conservar a casa, que tem estilo italiano, e ficaram mais motivados após seu tombamento. O próprio Eurides Silveira já havia reformado a varanda da residência. A casa tem dois quartos, uma sala e um sótão. Os quatro herdeiros, filhos de Eurides, buscam manter o legado do pai e dar continuidade ao restauro.

– Meu pai sonhava em ver a casa com a restauração concluída. Ele morreu em 2011 e, logo depois, a minha mãe, Hilda, também faleceu. Com isso, os filhos se uniram para terminar o restauro. Agora, vamos trocar as janelas e repregar o assoalho – conta Eliane.

A casa se tornou uma chácara da família, onde se reúne em datas especiais, como Dia das Mães, Natal, e aproveita os 90 mil metros quadrados de área verde. Eliane garante que os encontros ocorrem nela por remeter às lembranças da infância.

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– O sótão era nosso campo de futebol em dia de chuva. E as janelas sempre eram quebradas pelas bolas. Temos planos de continuar investindo na casa, até mesmo com recursos próprios. Em 2017, daremos uma festa para comemorar seu centenário – revela Eliane.

A restauração de um lar

Saindo da agitada Jaraguá do Sul industrial, seguindo por uma estrada de chão em meio às plantações, está a casa de Asta Konell, no bairro Barra do Rio Cerro II. A residência foi construída pelo seu sogro Oscar Konell, na década de 60. Duas gerações da família Konell cresceram e viveram na casa feita com tijolos maciços, pinturas na parede e o tradicional sótão.

– Hoje, moramos eu e minha filha Anadir com seu marido. Estamos participando pela primeira vez e iremos começar pela restauração do telhado, que está totalmente podre – conta Asta.

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A edificação sofre com infiltrações em dias de chuva forte e o forro é alvo de visitas inusitadas, como raposas e ratos. Para a família, a reforma é vista como algo positivo, pois a manutenção da casa é cara.

– Como ela tem que seguir os padrões da época em que foi construída, fica caro investirmos na restauração. Por isso, pretendemos participar de outras seleções para continuarmos a obra – explica Anadir Konell.

Asta revela que gosta de cada detalhe da casa e não vê a hora de ver o imóvel como era antigamente. A casa não tem problema com umidade, apesar da infiltração, pois é elevada e tem a fundação feita com pedras. Outra vantagem é que, por causa dos materiais usados na construção, a casa mantém uma temperatura agradável em todas as estações do ano, comenta a moradora.

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