Os imóveis de médio e alto padrão têm conquistado cada vez mais os clientes de construtoras e incorporadoras de Joinville, demonstrando uma mudança no perfil do mercado imobiliário. Os dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) mostram que foram esses empreendimentos, com preços acima de R$ 500 mil, que puxaram o aumento do valor geral de vendas (VGV) na maior cidade de Santa Catarina no primeiro semestre de 2022.

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Neste período, o mercado imobiliário de Joinville acompanhou a tendência nacional de queda no número de empreendimentos lançados. Houve o lançamento de 31 edifícios residenciais (com 1.419 unidades) entre janeiro e junho do ano passado, enquanto nos primeiros seis meses de 2022 foram 19 empreendimentos (725 apartamentos).

Ao mesmo tempo, a cidade viu o valor geral de vendas crescer em quase 8%, subindo de R$ 539 milhões para R$ 582 milhões de janeiro a junho. O aumento foi ainda maior, de 13%, se considerarmos apenas o segundo trimestre deste ano. Segundo o presidente do Sinduscon, Carlos Lopes, os números mostram a valorização dos imóveis.

— Existe uma valorização de 15,4% no valor do metro quadrado privativo dos imóveis e isso também se deve a uma mudança na atitude da cidade, que está valorizando os imóveis de médio e alto padrão. De todas as unidades vendidas neste segundo trimestre [abril a junho], apenas 20 foram de padrão econômico. No ano passado, no mesmo período, a gente falava em 67 unidades — complementa.

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Os números do semestre também mostram que as unidades residenciais de padrão econômico (com valor, em média, até R$ 209 mil) foram responsáveis por apenas 12,9% de todas as vendas realizadas em Joinville. Dos 674 apartamentos vendidos na cidade, em um total de R$ 462 milhões, apenas 87 eram econômicos, representando R$ 18 milhões.

Em relação aos lançamentos, os empreendimentos de padrão econômico também representam uma fatia pequena do mercado. Os dados do Sinduscon mostram que foram lançados dois edifícios residenciais do modelo (com 380 apartamentos) no primeiro semestre de 2020. No mesmo período do ano passado, foram cinco empreendimentos (com 577 unidades), enquanto nos primeiros seis meses deste ano foi apenas um lançamento (com 80 apartamentos).

Atualmente, os bairros América, Atiradores, Bom Retiro, Centro, Glória, Santo Antônio e Costa e Silva têm o maior ticket médio de Joinville. São eles que concentram os principais lançamentos de médio e alto padrão. Na sequência, aparecem ainda o Anita Garibaldi e o Bucarein, também na região central. Por outro lado, o menor ticket médio está em Pirabeiraba, Adhemar Garcia, Fátima e Vila Nova.

Prédios na região central de Joinville
Região central tem a maior quantidade de prédios em Joinville (Foto: Mauro Schlieck, Câmara de Vereadores de Joinville)

Tendência nacional após pandemia

Uma análise feita a pedido do Sinduscon pela empresa Brain, que tem atuação nacional em pesquisa e consultoria em negócios, ajudou a identificar os motivos pelo crescimento do mercado de imóveis de médio e alto padrão em Joinville. Segundo o levantamento, a expansão é uma tendência nacional e um reflexo da pandemia, que mudou o olhar e atenção das pessoas em relação à moradia.

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— Há uma busca por mais qualidade de vida e, por consequência, por residências mais amplas e confortáveis. Justamente por essa necessidade, muitas famílias fizeram um upgrade residencial. Outra questão é o home office porque o trabalho remoto requer um espaço e infraestrutura domiciliar que antes não eram necessários — aponta o presidente do Sinduscon.

Além disso, há uma elevação no custo das obras causada pelos aumentos nos insumos e materiais usados na construção civil, assim como uma valorização da mão de obra. De acordo com Carlos Lopes, isso fez as construtoras repensarem os projetos e apostarem em empreendimentos com maior valor agregado, atingindo um público de maior poder aquisitivo.

O presidente do Sinduscon ainda ressalta que o público de padrão econômico continua sendo atendido em Joinville, mas a retomada do segmento envolve alguns fatores. Entre eles, estão o aumento no teto para o financiamento do programa Casa Verde e Amarela e o aumento do prazo para pagamento.

— O aumento dos insumos e da mão de obra fez com o que o custo dos empreendimentos extrapolasse o teto do Casa Verde e Amarela, mas entendo que uma readequação no programa certamente vai possibilitar a construção e a comercialização de novos empreendimentos econômicos — aponta Lopes.

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Prédios na região central de Joinville
Joinville tem aumento de lançamentos de imóveis de médio e alto padrão (Foto: Mauro Schlieck, Câmara de Vereadores de Joinville)

Busca por opções luxuosas com mais espaço e lazer

Uma das empresas que atua com a construção e venda de imóveis de médio e alto padrão é a Plaenge, que passou a atuar no mercado joinvilense no ano passado. Ela já tinha presença na cidade há 13 anos com a marca Vanguard, voltada ao público jovem, mas decidiu expandir os negócios justamente no momento em que a cidade passa por um crescimento no setor.

O gerente geral da Plaenge em Santa Catarina, Maurício Dallagrana, avalia que o mercado de construção de médio e alto padrão tem uma demanda relevante a ser atendida por empreendimentos diferenciados em Joinville. Ele explica que a expansão do mercado está ligada ao desejo por produtos mais luxuosos.

— A expansão é resultante da aspiração das pessoas que buscam produtos mais luxuosos que apresentam conforto, segurança e exclusividade. E é, naturalmente, um sinal da retomada da economia — comenta.

A Plaenge planeja lançar dois empreendimentos em 2023, com valor geral de vendas estimado em R$ 250 milhões. O foco da operação se concentra nos bairros América e Atiradores, na região central.

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Novos formatos para público de médio e alto padrão

Outra incorporadora que atua no mercado de médio e alto padrão é a Hacasa, com presença há quase 40 anos em Joinville. A empresa já lançou cinco empreendimentos nos últimos quatro anos, desde que começou a operar nesta faixa de público na cidade.

O superintendente Fabiano Cordaro diz que os padrões de luxo e superluxo já estão apresentando sinais de saturação no mercado joinvilense, por isso a atuação da empresa está focada no médio e alto padrão, com imóveis entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões. Uma das linhas de atuação é o formato “condomínio clube”.

A gestora de marketing da Hacasa, Michelle Nunes, explica que o modelo atende a uma demanda do público de médio e alto padrão, que é o olhar mais atento para áreas de lazer e também aos nichos de sustentabilidade, além de outros aspectos de estrutura e arquitetura.

— As pessoas estão buscando esquadrias mais amplas, circulação cruzada, conforto térmico e acústico, placas voltaicas (painel solar) e uma percepção maior entre os ambientes internos e externos. Além disso, elas querem mais segurança e espaço sem perder o conforto — exemplifica.

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A empresa tem o planejamento de lançar ao menos três empreendimentos de médio e alto padrão no próximo ano em bairros centrais de Joinville, inclusive no modelo de condomínio clube.

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