Pode ser hoje. Há quem aposte em amanhã. Mas ninguém discorda que nas próximas horas o futebol brasileiro sairá das mãos de Ricardo Teixeira 23 anos depois.
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O presidente da CBF deve anunciar seu afastamento do comando da entidade diante da iminente abertura pela justiça suíça dos processos que investigam denúncias de corrupção na Fifa. A notícia corre como o vento no Rio e já deflagrou disputa nos bastidores pela sucessão.
Teixeira está licenciado da presidência da CBF e do Comitê Organizador Local e da sua cadeira no Comitê Executivo da Fifa. Especula-se que o dirigente, em vez de renunciar, anuncie apenas a prorrogação da licença na CBF. Assim, seguiria como interino o paulista José Maria Marin, 79 anos, seu vice-presidente mais velho. Em manobra, Teixeira poderia renovar essa licença até o final do seu mandato, em 2015. Marin é homem de confiança do presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo del Nero. Sua presença no cargo transferiria para São Paulo o poder da CBF, que já tem como diretor de seleções é o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez.
Numa outra via, estão as outras federações estaduais. O presidente da FGF, Francisco Noveletto Neto, encabeça o movimento das federações e desponta como candidato natural. Ontem, Novelletto esteve no Rio para se inteirar das informações acerca do futuro de Teixeira. Nos corredores da CBF, há a certeza de que o chefe renunciará. Já teria inclusive matriculado a filha, Antônia, 11 anos, em uma escola nos EUA.
Disputa pelo cargo
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A renúncia de Teixeira deflagrará a disputa pelo cargo. Seu mandato de quatro anos se encerraria em 2011. Mas a Fifa exigia que o presidente da CBF no anúncio da Copa no país, em 2007, fosse o mesmo em sua realização, em 2014. Assim, as federações decidiram reelegê-lo para o quadriênio 2011-2015. Agora, em caso de renúncia, elas exigem novas eleições _ a renovação do mandato, alegam, valia apenas para Teixeira.
– O mandato era devido à exigência de que Ricardo Teixeira permanecesse para a Copa de 2014. Nada mais justo que, em caso de saída dele, se convoque novas eleições – defende Novelletto.
A questão é que o estatuto da CBF não prevê novas eleições em caso de renúncia do presidente. Apenas que o mais velho entre os cinco vices assumiria. As federações pretendem abrir movimento por novas eleições. Caso consigam convencer a opinião pública, o pleito deverá ocorrer em dois meses. Votariam as 27 federações e os presidentes dos 20 clubes da primeira divisão.
Os cinco vices na CBF
José Maria Marin – Vice do Sudeste, foi flagrado por câmeras de TV embolsando uma medalha da Copa São Paulo de Juniores.
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Fernando Sarney – Vice da Região Norte, 57 anos, é filho do presidente do Senado, José Sarney.
Weber Magalhães – Do Centro-Oeste, chefiou a delegação na Copa de 2002 e assessorou Ricardo Teixeira de 1989 a 1992.
Fábio Marcel Nogueira – Vice da Região Sul, foi vice-presidente da Federação Catarinense.
Marco Antonio Ferreira – Do Nordeste, foi vice da Federação Baiana. É ex-radialista e foi diretor da TV Sudoeste.