O imigrante que ficou retido no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e teve que ser isolado no domingo (25) por estar com suspeita de Mpox, está, na verdade, com varicela (catapora). A informação foi confirmada pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas ao g1.
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A Secretaria da Saúde de São Paulo comunicou que a suspeita de Mpox foi descartada, dando lugar à varicela, após a realização de um exame pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL).
Imigrante retido em aeroporto de SP é isolado em hotel por suspeita de Mpox
“O paciente está bem e segue em observação. É importante ressaltar que o paciente não é oriundo de áreas endêmicas de mpox, e que o atendimento a pacientes com suspeita ou diagnóstico da doença faz parte da rotina do Instituto desde 2022“, disse o órgão em nota.
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Relembre o caso
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou, ao g1, a informação de que uma equipe do Posto da Anvisa no Aeroporto de Guarulhos foi acionada pelo serviço de saúde local depois de identificar um passageiro que apresentava sinais e sintomas que correspondiam aos de Mpox.
O imigrante chegou ao aeroporto no dia 14 de agosto, e permaneceu na área restrita para pessoas que aguardam refúgio no Brasil.
“O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de São Paulo (CIEVS-SP) foi imediatamente notificado e o caso foi encaminhado para isolamento e realização de exames no serviço de saúde do município de Guarulhos. Posteriormente, o paciente foi transferido para o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na capital paulista“, diz um comunicado.
A Anvisa, ainda, entrevistou outros viajantes no local, além de aplicar 397 questionários, medir a temperatura e verificar manifestações da doença na pele. Durante as medidas, nenhum novo caso foi encontrado.
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Reunião emergencial de análise
Na semana passada, uma reunião que buscava analisar o caso dos imigrantes retidos no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, foi convocada pelo Ministério Público Federal.
Nesta reunião, a Defensoria Pública da União solicitou a criação de uma sala de situação que monitore o fluxo de entrada e saída do país, em tempo real. Entre os pontos definidos, estão também:
- A GRU Airport garantiu assegurar condições, junto das companhias aéreas, de garantir acesso à higiene básica e alimentação de todos os migrantes retidos, em medidas que serão acompanhadas pela Defensoria Pública da União e pelo Ministério Público Federal;
- O Ministério da Justiça se comprometeu a encaminhar reforço de servidores para atendimento emergencial, tanto nos trabalhos de processamento dos protocolos de refúgio quanto para a segurança no local.
Na reunião, estavam representantes da Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal, Ministério da Justiça, concessionária GRU Airport, Prefeitura de Guarulhos, Estado de São Paulo, a senadora Mara Gabrilli (PSD) e o gabinete do deputado Federal Túlio Gadelha (Rede).
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O procurador Guilherme Gopfert afirmou que diversos setores estratégicos que tratam da temática de medidas emergenciais foram chamados.
— A gente sabe que não é um problema do aeroporto de Guarulhos, é um problema do Brasil, é um problema do estado brasileiro como um todo e, claro, que o estado tem que estar unido nessa hora pra poder enfrentar mais uma vez. Não devemos deixar normalizar essa situação. Que essa situação de crise humanitária não se perpetue. Esse é o nosso grande receio como Ministério Público Federal, que isso seja muito esporádico e não deixar que vire um novo normal — disse o procurador Guilherme Gopfert antes do encontro.
Imigrantes têm direitos violados no Brasil
No dia 16 de agosto, a Defensoria Pública da União (DPU) protocolou um documento que continha uma série de recomendações, logo após violações de direitos humanos terem sido constatadas no aeroporto. Este documento foi encaminhado para a PF, para o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o governo de São Paulo e Prefeitura de Guarulhos.
Isso aconteceu depois de representantes encontrarem imigrantes dormindo no chão, sem fazer uso de agasalhos, além da demanda crescente por atendimento de saúde.
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Ainda em São Paulo, a morte de um imigrante de Gana foi registrada após ele sofrer um infarto, no início deste mês, conforme a PF. O homem foi levado ao Hospital de Guarulhos, mas acabou não resistindo, de acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
— Nós encontramos pessoas com sintomas gripais, pessoas reclamando de outros problemas de saúde. Muito frio porque muitas delas estão sem cobertor. É inverno em São Paulo. Aeroporto é um lugar frio, sem acesso à alimentação adequada, sem acesso a remédios, com dificuldades de fazer suas higienes diárias, banho, escovar dente. Então, há uma situação massiva de violação aos direitos fundamentais daquelas pessoas ali — disse o defensor público Ed William Fuloni, à TV Globo.
Em junho deste ano, quase 300 imigrantes esperavam por uma autorização para entrar no Brasil. A maioria deles eram homens da índia.
Agora, este número subiu, de acordo com a PF: já são 466 pessoas retidas que aguardam para entrar no país. Em agosto, foram 765 solicitações, o que representa uma média de 40 solicitações por dia.
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Desde o mês de julho, há um crescimento no fluxo de viajantes que chegam em trânsito internacional, mas que param a viagem por não conseguirem ingressar no país devido à falta de visto, segundo comunicado da PF.
Por isso, as solicitações de refúgio no Brasil acontecem, mesmo sem a documentação necessária, de acordo com a PF.
“Cumpre destacar que de janeiro a julho a Polícia Federal recebeu um total de 5428 solicitações de refúgio, com média diária de 25 solicitações de refúgio recebidas. Contudo, somente no mês agosto já foram 765 solicitações (média diária de 40 solicitações), sendo 261 nos últimos três dias“, informou o órgão.
Além disso, o órgão disse estar “buscando otimizar processos e atuar em parceria com outras instituições visando maior celeridade e observância dos direitos humanos dos viajantes”.
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A Prefeitura de Guarulhos, disse, em nota, que o Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante, que é um equipamento municipal pertencente ao aeroporto, não foi notificado de forma oficial sobre a situação. Eles informaram, também, que as pessoas que estão na área de inadmitidos são de responsabilidade da PF.
O governo estadual, por outro lado, disse que está acompanhando a questão dos refugiados de GRU, e que a pasta não foi demandada em relação a oferta de abrigo e está à disposição da Agência da ONU para Refugiados.
*Sob supervisão de Andréa da Luz
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