Antes um espaço reservado para festas, o Centro de Eventos de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, se transformou em uma unidade de saúde improvisada para tratamento contra o coronavírus. O mesmo ocorre com a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde pacientes são intubados em leitos adaptados, enquanto aguardam por um leito de terapia intensiva (UTI). A situação caótica que vive a maior cidade do Oeste catarinense foi flagrada por um representante do Ministério Público Federal (MPF) no dia 3 de março. 

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Relatórios elaborados pelo profissional do MPF foram incluídos a uma ação judicial que já tramita na justiça e que cobra as transferências de pacientes. O Estado tem até esta sexta-feira (12) para comprovar as ações.

As visitas do MPF ocorreram em 3 de março no Centro de Eventos, local adaptado às pressas para receber pacientes com a Covid-19, e na Unidade de Pronto Atendimento do bairro Presidente Médici. 

No primeiro local, o representante destacou a lotação do espaço de enfermaria e a adaptação para atender três pacientes que necessitavam de cuidados em UTI. O local começou a ser utilizado entre 24 e 25 de fevereiro, quando a região já vivia um colapso na rede hospitalar.

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Nas imagens, pacientes aparecem dispostos lado a lado em leitos que ocupam boa parte do Centro de Eventos. Cilindros de oxigênio estão próximos a cada leito. Os doentes mais graves estão separados dos demais por biombos hospitalares.

Leitos de pacientes com Covid-19 no Centro de Eventos de Chapecó
Leitos de pacientes com Covid-19 no Centro de Eventos de Chapecó (Foto: MPF/Reprodução)
Atendimento de pacientes na UPA de Chapecó
Atendimento de pacientes na UPA de Chapecó (Foto: MPF/Reprodução)

No relatório da visita ao Centro de Eventos, o MPF afirma que todos os recuros necessários para o funcionamento do espaços provêm da prefeitura. 

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A outra visita ocorreu na Unidade de Pronto Atendimento do bairro Presidente Médici. Na ocasião, segundo o MPF, 39 pacientes estavam internados no local. Deste total, 25 em UTI e oito intubados. 

O local foi considerado inadequado pelo representante do MPF. Pacientes aguardavam por leitos em corredores e consultórios foram transformados em quartos para internação dos doentes. A sala de observação virou UTI.

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Pacientes da Covid-19 são atendidos em poltronas na UPA de Chapecó
Pacientes da Covid-19 são atendidos em poltronas na UPA de Chapecó (Foto: MPF/Reprodução)

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A crítica situação, no entanto, não é novidade para os profissionais da saúde. Segundo, o presidente do Sindicato de Médicos em Chapecó, Robson Alexandre Vieira de Souza a situação se agravou na região desde o dia 25 de janeiro, resultado principalmente das férias e dos encontros ocorridos durante as festas de fim de ano. 

– A população por desleixo fez esse pico e a situação dramática ou trágica do Oeste chegar a esse ponto. Os doentes estão em estrutura adaptada, sem condições. É a realidade, sim. Mas essas pessoas também precisam ser atendidas, porque senão vão morrer – pontua.

Chapecó tem, nesta sexta-feira, 324 pacientes internados. Todos por complicações da Covid-19. Desses, 126 estão em leitos de UTI, 94 em enfermaria e 104 em “outros setores”, não especificados no boletim divulgado pela prefeitura diariamente. 

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– Hoje você tem uma única patologia ocupando toda a estrutura hospitalar formada durante décadas e todos os profissionais da saúde dedicado aos pacientes com Covid, doentes que são muito instáveis e que precisam de muita atenção especializada – completa o médico, que também atua em UTI na região. 

Justiça cobra Estado sobre transferências

Os relatórios foram entregues à Justiça. A 2ª Vara Federal de Chapecó determinou na noite desta quinta-feira (11) que o governo estadual comprove em até 24h a transferência de pacientes atualmente em leitos de enfermaria da região do Oeste para outras cidades catarinenses.

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A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) informou que foi intimada ainda na quinta, mas que vai analisar o assunto e se manifestar no prazo. Anteriormente, o governo estadual havia tentado reverter a decisão liminar, o que não foi acatado.

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Além da transferência, a juíza Heloisa Menegotto Pozenatto, determinou que o estado tem que garantir o pagamento e manter nos hospitais da região Oeste apenas o quantitativo que possa ser atendido de forma adequada pelo sistema local.

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