Imagens aéreas exclusivas mostram como está a barragem de José Boiteux nesta segunda-feira (9), depois de ser ativada no domingo (8) com o fechamento das duas comportas. A ação, importante para diminuir o impacto da cheia na região de Blumenau, ocorreu após um conflito entre Estado e parte dos indígenas que moram no local.
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As imagens foram feitas com drone pelo fotojornalista do NSC Total, Patrick Rodrigues, no fim da manhã. No vídeo (assista abaixo) é possível ver, do lado esquerdo, as duas comportas. Na parte direita aparece um canal permanente, item que entre as barragens do Alto Vale existe apenas na de José Boiteux. Por ali a água sai ininterruptamente, já que não há comportas.
O que está por trás do conflito que afeta a operação da barragem de José Boiteux
Entre domingo e esta segunda, o nível da barragem dobrou e saltou para 61,1%. Assim como na estrutura de Ituporanga, todas as comportas estão fechadas. Na de Taió há seis fechadas e uma aberta. Esta última cidade enfrenta a pior enchente da história.
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Relembre
A história é antiga e está ligada ao fato de a barragem ter sido construída dentro da Terra Indígena Laklanõ Xokleng, demarcada legalmente. Por consequência, quando chove, a área é inundada, moradias são afetadas e a comunidade fica ilhada. É assim desde 1992, quando a obra foi entregue pelo governo federal. Aliás, antes mesmo de ficar pronta, já foi motivo de briga.
Os indígenas relatam que ao longo da história casas, escolas e plantações se perderam por causa da barragem. Citam, inclusive, mortes em decorrência das inundações. Desde então, cobram indenização por causa dos danos provocados pela construção.
Nesta semana, o nível da água em Blumenau passou dos seis metros — o que significa usar a barragem, conforme prevê o plano de ativação do Estado —, mas isso não aconteceu. O governo do Estado chegou a dizer que não fecharia as comportas em José Boiteux porque não havia segurança para a manobra. Porém, neste sábado (7), decidiu que iria operá-la.
Os bastidores da negociação para fechar a barragem de José Boiteux e o que deu errado
O secretário de Estado da Infraestrutura, Jerry Comper, foi até a terra indígena no sábado (7) para negociar. Ouviu da comunidade indígena o pedido de um ônibus, três embarcações, quatro pontos de atendimento de saúde, cestas básicas e água potável, para atender quem seria afetado pelo fechamento das comportas e ficaria ilhado nas aldeias.
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Parecia que o acordo seria fechado entre o governo do Estado e a comunidade Xokleng, mas os indígenas disseram que a liberação para acessar a estrutura só seria dada após os pedidos serem atendidos, o que poderia levar até segunda-feira (9) para ocorrer. Logo após a reunião da aldeia, o governador Jorginho Mello informou ter determinado o fechamento das comportas.
O Bope e a cavalaria da Polícia Militar foram enviados a José Boiteux e começou mais um conflito, com indígenas feridos e viatura da Defesa Civil atacada. A Polícia Federal foi para o local na madrugada deste domingo (8). No começo desta tarde, então, a operação para fechar as duas comportas foi finalizada, de acordo com o governador.