Gravações que mostram a abordagem de fiscais ao motorista brasileiro Luiz Mauro Machado, que morreu na quinta-feira em Nova York de infarto, foram entregues ontem à Justiça.
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Nas imagens, às quais a imprensa não terá acesso, veem-se as ações que precederam a morte: depois de Machado descarregar a bagagem de um passageiro, fiscais da Comissão de Táxis e Limusines (TLC) aproximam-se e o cercam.
Durante a abordagem, o motorista fica agitado e visivelmente contrariado, de acordo com um agente do Judiciário ouvido pelo jornal americano New York Daily News. Pouco depois, o grupo foge do enquadramento da câmera, possivelmente no momento em que os oficiais deram voz de prisão e algemaram o motorista, de 61 anos.
Com histórico de problemas cardíacos, ele sofreu um infarto durante a ação dos fiscais, que o teriam encaminhado imediatamente ao Jamaica Hospital para receber atendimento, segundo a TLC. A família não recebeu notícias até 16 horas depois da morte do motorista, quando sua mulher, Solenir, soube do ocorrido após acionar o 911, serviço de emergência americano.
Os fiscais teriam decidido dar voz de prisão a Machado em vez de multá-lo por não ter licença para cobrar pelo transporte depois de o motorista ter empurrado uma oficial, diz um porta-voz do departamento de transportes, que entregou as imagens para análise judicial.
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A família, no entanto, afirma que o motorista jamais agiria de forma agressiva. Ao Daily News, um dos seis filhos do motorista, disse:
– Meu pai nunca foi assim. Ele ia à igreja, era um homem de boas maneiras.
O funeral de Machado aconteceu ontem na Igreja Batista da Liberdade, em Woodside, bairro do Queens, onde atuava como tesoureiro. Ele teria expressado o desejo de ser cremado, mas familiares pretendem, consultar um especialista para verificar a possibilidade de realização de uma segunda autópsia.
Nascido em Porto Alegre, Machado trocou o Brasil pelos Estados Unidos, onde sustentou a família trabalhando como carpinteiro até 2008. Recentemente, ele havia começado a transportar visitantes brasileiros recém-chegados à cidade de Nova York. Machado buscava a regularização do negócio junto à Comissão de Táxis e Limusines, de acordo com a família.
– Ele trabalhava duro. Veio aos Estados Unidos procurando o sonho americano – diz outro de seus filhos, Wagner.
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Um comunicado de Fernando Mateo, porta-voz da Federação Nova-Iorquina de Taxistas e da Hispanics Across America, organização que representa latinos nos Estados Unidos, afirma que os fiscais da TLC muitas vezes são agressivos, verbal e fisicamente, e que precisariam de treinamento adicional.
Respondendo à federação, o porta-voz da TLC, Allan Fromberg, ressalta que os oficiais recebem “extenso treinamento”. Fromberg afirma também que o órgão “lamenta profundamente a morte de Luiz Mauro Machado”.