Imagens de câmeras de monitoramento foram solicitadas pela Polícia Civil para entender como ocorreu o saque na conta do dentista de 24 anos encontrado morto com o dedo decepado em Fraiburgo, no Meio-Oeste catarinense. O suspeito de assassinar Rafael Caranhoto teria usado o dedo indicador da vítima para retirar dinheiro em uma agência bancária, de acordo com a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). As informações são do g1 SC.

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Um jovem de 22 anos foi preso em flagrante com mais de R$ 5 mil e pertences de Rafael. Já o corpo do dentista foi encontrado na sexta-feira (16). 

Ainda segundo o MP, o homem confessou, informalmente, o crime durante a prisão, que ocorreu em Ibirama, no Vale do Itajaí. No entanto, outros detalhes do crime não foram divulgados, já que a investigação segue em sigilo. 

— Vamos solicitar uma [medida] cautelar, solicitar informações ao banco através do juízo — afirma Wanderson Silveira, delegado responsável pelas investigações. 

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A polícia também busca entender se a vítima já conhecia o suspeito antes do crime. Além disso, a investigação aguarda o resultado de alguns laudos, como do local do crime e do celular do suspeito. 

— A colega de quarto não conhecia o suspeito. A vítima não tinha o hábito de sair, a rotina era trabalho e casa — complementa o delegado. 

O suspeito pelo crime foi indiciado por latrocínio – roubo seguido de morte. Ele também foi denunciado pelo MP por transporte de droga para consumo pessoal. 

Para perito, dedo não pode ser usado para saque 

Ao g1, o perito da Polícia Científica de Santa Catarina Márcio Bolzan afirmou que o uso de uma parte do corpo para o saque de dinheiro não seria possível com a tecnologia atual, apenas com uma mais antiga. 

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— Se você pegar um sensor que funcione só pela difusão da luz, mesmo depois de morto vários dias você conseguiria fazer esse reconhecimento biométrico. Mas, por exemplo, sensores modernos de aparelhos celulares já usam ultrassom, então vai depender de ter vida, ou próximo do momento em que estava vivo, para conseguir fazer um desbloqueio com o dedo da pessoa morta — diz. 

Um dos exemplos usados pelo especialista foi um caso de 2013 onde médicos usaram dedos de silicone para fraudar um ponto eletrônico, algo que com a teconologia atual não seria possível. 

O Banco do Brasil informou, em nota, que os terminais de atendimento “estão equipados com o que há de mais moderno em termos de biometria. Não é possível realizar transações com as características apresentadas”.

Relembre o caso 

De acordo com o MP, o crime ocorreu na madrugada de sexta no apartamento de Rafael. A vítima jantou com o suspeito e, após se deitar, foi atacado com um canivete no pescoço, rosto, tórax, abdômen, braço e mão. 

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Depois do crime, o homem roubou cartões bancários, dinheiro e outros bens do dentista, além de cortar o dedo dele. 

Durante a manhã, por volta das 7h30, o suspeito saiu do apartamento do dentista, com o carro dele e os pertences roubados, e foi até uma agência bancária, onde sacou mais de R$ 2 mil usando as impressões digitais do dedo cortado. 

Rafael só foi encontrado pela polícia por volta das 10h, após colegas sentirem falta dele no trabalho. O corpo estava embaixo de cobertas, segundo a PM. 

— Ele nunca faltava ao serviço. O pessoal do serviço deu falta dele, foram na residência e estava chaveada, e o carro dele não estava na garagem. Entraram em contato com o síndico, e, quando entraram no apartamento, ele [vítima] estava coberto com umas cobertas — conta o sargento da PM Izaías Lemos. 

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O suspeito foi encontrado em Ibirama, a cerca de 190 quilômetros de Fraiburgo, após a polícia localizar o carro da vítima. Ele foi preso em flagrante com os objetos roubados, dinheiro e canivete usado no crime. O dedo da vítima também foi localizado, enrolado em um guardanapo. 

Rafael era formado em odontologia desde janeiro de 2020 pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões de Erechim, no Rio Grande do Sul. Conhecido por exibir sua voz e as habilidades no violão nas redes sociais, o dentista também participava de reuniões da Liderança Juvenil da Paróquia São Sebastião, em Maximiliano de Almeida. 

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