A imagem de Iemanjá localizada na Praia de Cabeçudas, em Itajaí, foi depredada e a estátua teve a cabeça arrancada. O flagrante foi feito na manhã de quinta-feira (5) pela mãe pequena de umbanda Telja Rebelatto, que todas as manhãs faz suas preces no local. As informações são do g1 SC.

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— Sou de religião de matriz africana e tenho por hábito fazer isso todos os dias de manhã — conta Rebelatto.

Para o pai de santo André Trindade, que tem um terreiro na cidade, a depredação é um “ato de preconceito” e demonstra a intolerância religiosa que há no município.

Em nota, a prefeitura de Itajaí informou que não pode adotar providências, pois a estátua não foi instalada pelo município. Já a Fundação Cultural de Itajaí afirmou, nesta sexta-feira (6), que vai analisar a situação para tomar possíveis providências.

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O g1 SC entrou em contato com a Polícia Civil, que informou que não há boletins de ocorrência registrados sobre o caso.

Telja, que coordena a Caminhada para Iemanjá na Praia de Cabeçudas e participa do Terreiro Ogum Beira-Mar, na mesma praia, reforça que a ação fere diretamente as pessoas que se identificam com as religiões africanas.

— Dentro da nossa religião, a gente não prega violência – muito pelo contrário. A gente prega o amor independente da sua crença, da sua fé. O amor e respeito acima de tudo. […] A atitude deixa a gente decepcionada, mas isso é uma alavanca para continuar lutando naquilo que a gente acredita — manifestou.

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Santa Catarina possui a própria Lei Estadual de Liberdade Religiosa. Publicado em janeiro de 2022, o texto busca “combater toda e qualquer forma de intolerância religiosa, discriminação religiosa e desigualdades motivadas em função da fé e do credo religioso”.

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Homenagem a Iemanjá

A estátua fica no costão da Praia de Cabeçudas, em um espaço nomeado pela comunidade como Canto da Iemanjá. O local também recebe a Caminhada para Iemanjá, sempre no dia 2 de fevereiro, há oito anos.

— A caminhada inicia no Terreiro Ogum Beira-Mar, localizado na praia de Cabeçudas, e vai até a praia, onde são feitas as homenagens a Iemanjá — explicou Cynthia Carreta, que participa da organização do evento e acredita que o ato de vandalismo precisa ser discutido.

— Trata-se de uma luta pela continuidade de práticas religiosas e culturais de grandeza histórica para nosso país — manifestou.

Intolerância religiosa

Uma pesquisa coordenada pela Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras ouviu representantes de 255 terreiros de todo o país. O levantamento revelou que quase metade registrou até cinco ataques de intolerância religiosa nos últimos dois anos. Os dados foram divulgados pelo Jornal Nacional.

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