Ler um livro cujo autor é um ex-piloto da marinha mercante é, no mínimo, curioso. O que alguém com uma experiência tão intensa tem a mostrar às crianças? Em O Tapete Voador, o ilustrador e escritor mineiro Caulos conta, por meio de desenhos, histórias que, ao final, deixam ensinamentos para serem transmitidos aos pequenos.
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De pijama colorido e um par de tênis que parece maior do que os seus pés, um menino sai com seu cachorro, encontra uma árvore e dela retira um livro. São os passos necessários para um tapete voador aparecer, levando-o para lugares nunca antes imaginados e mostrando histórias tão antigas quanto os próprios monumentos ilustrados: torres Eiffel e de Pisa, Cristo Redentor e Big Ben.
O passeio no tapete leva o personagem a ter contato também com as lendárias fábulas infantis da Branca de Neve e Cachinhos Dourados. Usando uma página para tratar cada enredo, Caulos dá ao leitor o direito de inserir os fatos que achar necessários a cada conto, aumentando uns pontos e diminuindo outros. De repente, o tapete entra em uma ampola do tempo e faz o passado vir à tona no livrinho. O garoto tem contato com a pré-história e fica por dentro de tudo o que houve na descoberta do Brasil.
Logo que sai de lá, conhece as histórias do folclore brasileiro, o mundo dos animais e a astronomia. Por fim, o menino planta uma nova árvore, procurando uma nova aventura. Um novo livro. O Tapete Voador dá a essência dos contos, e o leitor é o encarregado pela fantasia.
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Entrevista
Caulos escritor e ilustrador, autor de O Tapete Voador
Você é um ex-piloto da marinha mercante e fez um livro em que as crianças viajam talvez tanto quanto você. Há coincidência nisso?
Caulos – Não sei se é uma coincidência, acho que tudo que escrevemos (ou desenhamos) é autobiográfico, mas a ideia de viagem está na premissa do livro: ler é viajar, aliás, muito melhor, porque não tem limites.
Tem outros livros de viagens?
Caulos – Não, não tenho nenhum livro de viagens a não ser Mondrian, O Holandês Voador e, lembrei agora, vem aí A Viagem de Rousseau e, semana passada, escrevi As Viagens de Picasso. Pensando melhor, acho que não consegui deixar a marinha mercante (risos).
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Como é fazer um livro que só contém imagens?
Caulos – Fazer um livro de imagens é a mesma coisa que escrever um livro – desenhar também é uma forma de escrever, só que mais trabalhosa. Quando você diz que o menino viu o cachorro, tem que desenhar o menino e o cachorro.
Você conta uma história, mas dá a brecha para quem está lendo contar outra. É proposital?
Caulos – Sim. O Tapete Voador é uma homenagem aos livros. Acho que, para os novos leitores, a viagem é um incentivo à leitura.