A reza dos fiéis da Paróquia Santo Antônio, no bairro Campinas, em São José, está tirando o sossego dos moradores dos arredores da Igreja. O barulho incomodou tanto, que gerou denúncia para a Fundação do Meio Ambiente, que constatou que o som ultrapassava o permitido e aplicou uma multa de R$ 3 mil para a Paróquia, gerando revolta no padre e na comunidade cristã. No auto de infração a Igreja é acusada de infringir a lei federal e a lei municipal que tratam de poluição sonora e perturbação do sossego.
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As reclamações seriam por conta das novenas realizadas as quartas e quintas-feiras, reunindo cerca de cinco mil pessoas. Os participantes rezam e cantam por duas horas, mas o padre Hélio da Cunha, 66, garante que o barulho não passa das 22 horas. O padre explica que ano passado a paróquia recebeu uma notificação falando sobre o som, e foram tomadas algumas providências, como a troca de alguns vitrais por mais grossos, a troca das caixas de som e depois disso não houve mais nenhum retorno, até a chegada dos fiscais no dia 14 de abril:
– Já paramos de tocar o sino, agora querem que eu pare de rezar a missa? Não vou pagar, podem me levar preso, mas não vou pagar porque não acho correto. Nunca vi Igreja nenhuma ser multada por as pessoas estarem rezando e cantando. Mandaram a gente fazer um tratamento acústico, mas não existe Igreja no mundo com isso ou que esteja com as portas fechadas por causa do barulho – disse.
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A indignação do padre é grande. Com 35 anos de sacerdócio e 13 na Paróquia Santo Antônio, ele diz que nunca imaginou passar por uma situação assim:
– Estou magoado pelo modo como fizeram as coisas. Passam cerca de 10 mil fiéis por semana na Igreja. Vieram fiscais aqui e agiram de maneira irônica. A cidade está cheia de problemas, assaltos por todo o bairro, drogados na ruas e estão se preocupando com as pessoas que vem rezar e fazer o bem. Parece uma perseguição dos tempos antigos – lamentou.
A voluntária Terezinha Caetana de Souza Alexandre, de 72 anos, achou um absurdo a notificação:
– No Carnaval é uma bagunça nas ruas e ninguém faz nada, também passa um monte de carros com o som bem alto e a Polícia não faz nada. Participo desde a primeira novena, faz mais de 10 anos, e só agora que estão reclamando. A Igreja está neste local há 50 anos, então os prédios que vieram depois. A gente não quer incomodar ninguém, só poder rezar em paz – falou.
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Prefeitura diz que recebeu denúncias
A reportagem esteve na Paróquia na tarde desta sexta-feira e falou por interfone com seis moradores de prédios próximos, mas não localizou nenhum que estivesse incomodado com o barulho.
A Prefeitura de São José enviou nota explicando que desde novembro de 2013 moradores vizinhos à Igreja estão registrando reclamações na ouvidoria por barulho excessivo, denúncias que foram encaminhadas para o setor responsável, a Guarda Municipal Ambiental.
No dia 20 de março de 2014, uma equipe do órgão esteve na Igreja e verificou que o sistema de som estava acima do permitido e que não havia tratamento acústico no local. A Igreja teria sido notificada para tomar as providência necessárias e foi aberto um processo administrativo, mas, segundo a Prefeitura, não houve qualquer resposta, e foi expedida multa conforme determina a legislação.
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A Prefeitura ainda destacou que o procedimento é feito das mesma maneira em outros templos religiosos e estabelecimentos comerciais, e que busca um entendimento para que a missa continue sendo realizada, mas também que seja respeitado o direito dos moradores vizinhos.