O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), conhecido como “inflação do aluguel”, fechou 2023 com queda histórica, de 3,18%. O dado, divulgado nessa quinta-feira (28) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), indica 2023 como o ano com o menor IGP-M da série histórica. Em dezembro, ficou em 0,74%. 

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É o IGP-M que costuma ser usado no cálculo dos reajustes anuais dos aluguéis. Mesmo em queda, 2023 foi o ano em que o aluguel em Santa Catarina disparou. Em Florianópolis, de acordo com o FipeZap, o aumento foi de 28,14%, o segundo maior entre as capitais brasileiras, ficando em R$ 49,81 por metro quadrado. O dado considera a variação nos últimos 12 meses, até novembro deste ano.

Maior cidade do Estado, Joinville teve variação de +13,25% no preço do aluguel nos últimos 12 meses, chegando a R$ 27,79. Já São José, na Grande Florianópolis, teve variação de +14,16%, fechando novembro em R$ 37,67 por metro quadrado.

Como explica o professor de Economia e Finanças, Edivan Junior Pommerening, a queda no IGP-M é influenciada pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), contudo, a alta no Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) pode ajudar a justificar o aumento no preço dos aluguéis. É que ficou mais caro construir um imóvel, portanto, “o investidor busca compensar esse custo no preço do aluguel”.

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— Outro fator a considerar é que, quando o IGP-M cai, não é raro que o locador tente convencer o inquilino a manter o preço do aluguel como está, não aplicando o desconto, num acordo entre as partes — explica.

Além disso, a demanda por imóveis aumentou nos últimos meses, acarretando na elevação do preço dos alugueis — a chamada Lei da Oferta e Demanda. Outro fator que explica parcialmente essa elevação, conforme Pommerening, são as quedas na Taxa Selic, a Taxa Básica de Juros brasileira, que tem acontecido nos últimos meses e que tendem a continuar acontecendo em 2024.

— Hoje a Selic está em 11,75% e para 2024 a tendência é fechar em 9% ao ano, segundo o Banco Central. Com a redução dessa taxa o custo do dinheiro fica mais barato, fazendo com que as pessoas se sintam mais estimuladas a investir em imóveis, cuja rentabilidade pode ficar mais atrativa que investimentos em renda fixa (instituições financeiras). Em contrapartida, a maior procura por imóveis faz com que o INCC aumente, repercutindo no preço dos aluguéis.

Outros fatores que impactam no preço do aluguel

  • Oferta x Demanda: quanto maior a demanda, mais caro será o aluguel;
  • Inflação: em especial os fatores fundamentais da construção civil;
  • Taxa de juros: custo do dinheiro, para fins de tomada de empréstimos e financiamentos;
  • Atividade econômica: quanto mais aquecida, mais aumenta a procura por aluguéis.

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Queda histórica do IGP-M

O resultado do IGP-M de 2023 contrasta com o de 2020, quando o índice chegou a fechar o ano em 23,14%. Em 2021, também ficou na casa dos dois dígitos: 17,78%. Já no ano passado, 2022, começou a desacelerar, mas ainda positivo, em 5,45%.

Calculado pela FGV, o índice tem como base três grupos de preços: para o produtor, para o consumidor e para a construção civil. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que recuou 5% (também a menor da série histórica) é o com mais influência. Nele, contribuem a soja (-21,92%), milho (-30,02%) e óleo diesel (-16,57%).

Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) 2023, que afeta mais diretamente as famílias, fechou com alta de 3,4%. A gasolina (11,08%), plano de saúde (10,36%) e aluguel residencial (7,15%) são os componentes com mais influência. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) termina 2023 com alta de 3,32%.

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