Os olhos estavam concentrados no palestrante sentado no palco do Teatro Juarez Machado. Um senhor de 76 anos com cara de bravo, que só precisou começar a falar para desconstruir essa imagem e mostrar sua simpatia e conhecimento. Os adolescentes lotaram o espaço para acompanhar com atenção as histórias de Ignácio de Loyola Brandão na 10ª edição da Feira do Livro de Joinville. De forma descontraída, ele falou sobre o processo criativo na escrita de seus livros e contou como surgiu o seu maior sucesso, “Não Verás País Nenhum”.

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A observação das coisas ao seu redor e as experiências de vida sempre foram as maiores fontes de inspiração para Loyola na construção de seus livros.

– As histórias nascem do dia a dia, da imaginação, do observar -, explica.

Foi por meio dessa realidade, adicionada a uma pitada de fantasia e invenção, que surgiu a receita do sucesso de seus livros, como o mais vendido e traduzido de sua carreira, “Não Verás País Nenhum”.

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A história mostra um Brasil caótico, tomado por carros e violência, sem água e com um deserto no lugar da Amazônia. Um livro escrito na década de 1980, que permanece atual como se a vida copiasse a literatura. Objeto de estudo dos alunos, o livro chama atenção de muitos estudantes mesmo 30 anos depois de seu lançamento.

– Quando os alunos leem Loyola, eles gostam e comentam -, conta a professora Marilene Gerent, que levou sua turma do Colégio da Univille para acompanhar a palestra.

– Como escritor, ele tem o poder de influenciar muito forte e quando fala dessa realidade é muito mais influente.

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Sabedor desse poder, Loyola é categórico em afirmar:

– A meninada é que a leitura tem que conquistar. Os adultos já estão perdidos.

Para o escritor, é por meio do prazer pela leitura que essa conquista pode acontecer, assim como ocorreu com ele na infância, quando se apaixonou pelos livros e dali nasceu o sonho de escrever.