Uma sociedade só pode falar em justiça e equidade social a partir de suas ações concretas para viabilizar o acesso à educação, à cultura, à tecnologia, à saúde e ao trabalho a todas as pessoas. Só a partir do momento em que a sociedade é reeducada para perceber os sujeitos socialmente ativos, quer no campo do trabalho ou em esferas particulares, é que se coloca a possibilidade de dissolver os estereótipos acerca da diferença como limite ou falta e empreender novos horizontes profissionais.

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A Rede Federal de Educação Tecnológica é um canal fundamental para promover essas ações em razão de seu histórico e compromisso com o ensino público, gratuito e de qualidade. Dentro da tradição dos Institutos Federais, a implantação do Campus Palhoça Bilíngue representa a afirmação de um compromisso político, social e humano do atual governo de investir nessa representativa parcela de brasileiros (aproximadamente 2 milhões de surdos, segundo o IBGE). As comunidades surdas brasileiras exigem sua inserção cultural, econômica, profissional, tecnológica; elas reivindicam seus direitos linguísticos e uma política de inclusão que tenha reflexos em todo o tecido social.

O Campus Palhoça Bilíngue do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), a partir de sua inauguração em Brasília pela presidente Dilma Rousseff no dia 5 de dezembro, assume o compromisso de desenvolver programas educacionais voltados à potencialidade dos sujeitos surdos, inserindo-os no contexto do mercado de trabalho.

Ainda relacionado aos aspectos profissionais, o Campus Palhoça Bilíngue priorizará a formação de profissionais bilíngues, principalmente pedagogos, tradutores e intérpretes Libras/Português, tanto na modalidade presencial como a distância, com vistas a diminuir a distância que se criou entre as comunidades surdas e os ouvintes. Essa formação de recursos humanos é indispensável para suprir a lacuna histórica que se apresenta em relação à produção de conhecimento e de novas tecnologias relacionadas ao bilinguismo e à cultura surda.

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Ressalta-se que esse campus faz cumprir o Decreto 5.626/2005, que estabelece as diretrizes da educação de surdos e recoloca, apropriadamente, a perspectiva cultural de obrigatoriedade pública, traduzida pela exigência de formação de profissionais qualificados para trabalhar com a diferença. Todos sabem, no entanto, que os direitos e Decretos não garantem nenhum processo de inclusão social, apenas o olhar atento e perscrutador da aflição humana aliado a ações eficazes de combate às mazelas e injustiças sociais podem criar condições para transformar a realidade de exclusão.

Texto enviado por Vilmar Silva, Diretor-geral do Campus Palhoça do IFSC